segunda-feira, 24 de maio de 2010

Masmorras Históricas

Saudações, cambada de doidos!

Como eu já disse antes, eu, o Oráculo prefiro escrever artigos do que colocar material pra download, afinal já existem diversos sites sobre isso, enquanto os artigos são únicos para cada autor.

Mas não se preocupem pois já tem uma leva de materiais saindo do forno para uma próxima ocasião. Contudo, agora vocês ficam com este artigo sobre campanhas de D&D baseadas na História do nosso mundo real!Então sigam pelo Leia Mais e uma boa leitura...
...

Desde sua 3ª edição, a linha Dungeons & Dragons vem investindo em uma abordagem mais fantástica do conceito fantasia medieval, abolindo diversos conceitos de realismo. Um exemplo é o fato de todos os personagens, exceto os bárbaros, são alfabetizados (e normalmente em vários idiomas), quando todos nós sabemos que no período medieval pouquíssimas pessoas tinham acesso à educação.

Outro conceito que sumiu na 3ª edição foi a comparação dos personagens com figuras históricas (ou mitos do mundo real). Em AD&D, por exemplo, os Paladinos eram comparados com o Doze Pares de Carlos Magno, enquanto os Rangers eram comparados com Robin Hood. Em uma leitura atenta ao Livro do Mestre AD&D nos mostra o cuidado dos autores em tornar sua campanha o mais próxima possível do mundo real (embora através de uma ótica fantasiosa).


Com o advento da 3ª edição assumiu-se o mundo de Oerth, da série Greyhawk como o "universo padrão" de D&D. Mas ainda assim, é possível fazer boas campanhas de fantasia medieval dentro do nosso contexto histórico, preservando a essência do jogo.
Fãs de AD&D com acesso aos livros em inglês devem se lembrar da série dos "Livros Verdes", também conhecidos como Historical Reference Sourcebooks, que traziam toneladas de informações sobre como ambientar suas campanhas de AD&D no nosso mundo real. Haviam suplementos falando sobre a cultura Celta ou sobre o Império Romano, por exemplo. Até onde eu saiba, nenhuma edição posterior de Dungeons & Dragons teve suplementos desta natureza, dando prioridade a campanhas com ênfase maior na fantasia.



Para construir uma boa campanha de D&D ambientada em cenários reais você pode seguir algumas das dicas abaixo:

CONHECIMENTO É PODER

Decidiu criar uma campanha ambientada no mundo real? Parabéns!

Mas primeiro de tudo você deve CONHECER sobre o que vai falar para não cometer uma besteira. Você não encontrará uma Armadura de Batalha Completa em uma campanha ambientada no Egito Antigo por exemplo!

Não é necessário tirar diploma de bacharel em História, mas uma boa lida em alguns livros ajuda e na falta de livros até a Wikipedia serve (só não se baseeie cegamente nela).

Outro detalhe é que, mesmo que você decida mudar radicalmente a História em sua campanha, você, ainda assim, deve conhecê-la para saber O QUE mudar.




Você não precisa se ater à Idade Média para criar uma boa campanha de D&D. A mitologia grega está repleta de seres que povoam o Livro dos Monstros, dando ótimas oportunidades de misturar fantasia com realidade. Outras eras e locais que dariam grandes sagas seriam o Império Romano, o Egito Antigo, o período feudal japonês ou até mesmo o período das Grandes Navegações.

MUDANÇA TOTAL OU PARCIAL?

A melhor parte em ambientar sua campanha em um período real é poder, pelo menos na mesa de jogo, alterar os rumos da história. E se o Brasil tivesse sido conquistado pelos seus personagens antes dos portugueses chegarem? E se o Império Romano jamais caísse? E se os persas derrotassem as tropas de Alexandre, o Grande?

Para cada ação existe uma reação e neste estilo de campanha temos o famoso dilema de "o que aconteceria se...". Novamente é necessário o conhecimento histórico por parte do narrador e dos jogadores para não gerar disparates em sua campanha.



Outra opção é a mudança parcial, onde os personagens tomam parte ativa no curso dos eventos, mas as mudanças são mais sutis. Os heróis poderiam estar infiltrados na tripulação de Cabral, por exemplo, agindo nos bastidores para que ele chegasse ao Brasil. Nesse estilo de campanha o narrador não precisa temer alterações graves na História e os jogadores ainda assim se sentem parte importante dos eventos em jogo.

FANTASIA OU REALISMO?

No mundo real as pessoas morrem com um golpe de espada, morrem com uma flechada, morrem com uma pulhalada de uma adaga. Morrem até tropeçando em uma pedra e batendo de cabeça no chão!



Já em D&D os aventureiros enfrentam diariamente seres que desafiam a lógica. Como unir esses elementos em prol do jogo?

Não importa o cenário, D&D sempre será um jogo de heróis, então mesmo que a história peça um grau de realismo, não podemos deixar a fantasia de lado. E se a Peste Negra que assolou a Europa durante a Idade das Trevas fosse obra de um necromante maligno? E se a Guerra dos Cem Anos fosse resultado das maquinações de vampiros?

Sempre há espaço para a fantasia, mesmo no mais realista dos cenários. Só é necessário equilíbrio.

15 comentários:

  1. LOL....
    Muito bom!Gostei do artigo.
    Gostaria que houvesse era mais historias baseadas no Oriente,gosto tanto deste tipo de cenario.

    ResponderExcluir
  2. Ótima matéria.
    Parabéns Banguela XD

    ResponderExcluir
  3. interessante eu sempre gostei mais da proposta do ad e d e sempre fiz o possivel pra mestrar minhas campanhas o mais proximo da realidade possivel. otimo artigo.

    ResponderExcluir
  4. AD&D chuta bundas negada! Caras tenho os tres livros(OS GRANDEs MANUAIS). Foi foda Oracle depois de ler essa sua matéria deu vontade de ficar folhando eles e relembrando as boas aventuras.

    ResponderExcluir
  5. @CelloKun

    Bem, existe o Oriental Adventures, que inclusive já foi traduzido pela Devir. Ainda assim, o propósito do artigo foi instigar a VOCÊS criarem suas próprias campanhas baseadas na História real, mas sem deixar de lado a fantasia.

    Quando se fala em oriente geralmente as pessoas pensam no Japão e seus samurais, mas a História da China também dá uma excelente campanha. Uma ótima fonte de inspiração são os games Romence of Three Kingdons e Warriors of Fate.

    @Kauê Maia

    Obrigado!
    Continue acompanhando o DB, pois temos toneladas de novidades pra vocês!

    @adrianocln

    Como AD&D não tinha um cenário padrão eles partiam do princípio que você estava jogando na Europa Medieval, por isso davam uma atenção maior à esse toque de realidade. Ainda assim é um jogo de fantasia e fazer uma campanha nesse estilo é uma excelente pedida pra quem já se cansou de coisas overpower como Forgotten Realms, Tormenta ou Planescape e quer fazer uma campanha de fantasia mais puxada pro realismo.

    A literatura e o cinema estão repletos de obras de fantasia com um pé no mundo real.

    ResponderExcluir
  6. @Joker

    Comprei os meus Grandes Manuais a R$ 10,00 cada do meu antigo narrador, quando o grupo partiu pra 3ª edição. Hoje em dia se eu fosse vender não o faria por menos de R$ 100,00 (mas é claro que eu NÃO quero vender).

    Muita gente reclamava do Livro do Mestre pois ele só tinha de útil as tabelas de itens mágicos. Grande erro! Esse era o mais interessante livro dentre os básicos de AD&D. Uma verdadeira fábrica de Mestres!

    ResponderExcluir
  7. Diga ai oracle esses eram livros de verdade heim, 3 manuais com muito conteudo e ilustrações das antigas crássicas, me lembro até hoje quando eu (muleque) passava na banca e ficava babando só olhando!Saudade heim! Gary....TANKS MAN!

    ResponderExcluir
  8. Caio (Galahad Kilf)25 de maio de 2010 às 11:09

    Interessante
    Acho que o mais perto que cheguei de jogar esse tipo de jogo foi quando o mestre implementou trechos da bíblia (da parte do apocalipse) no enredo. ficou ótimo, no final tivemos de enfrentear um anjo caído...

    A camapanha foi ambientada na idade média porem não chegamos a lidar com o nascimento de cristo (afinal existia o panteão outras religiões).

    O mestre mesclou trechos do apocalipse na história como se este ja tivesse sido escrito.

    A biblia traz vários trechos com muito simbolismo da pra usar bastante...

    O mais legal foi quando a camapanha terminou (durou cerca de 2 anos)... ainda n tinha saido os Niveis épicos então geralmente terminava no nvl 20. Mas foi a 1ª campanha longa que jogamos. Dela tiramos uns casos e contos que são lembrados até hj...

    Quando a campanha terminou o grupo tava meio de saco cheio do tema medieval, foi quando a gente conseguiu o ação...e qual foi o enredo do ação?? Exatamente esse, o que nossos pjs fizeram na campanha medieval... o mais dificil era a interpretação de nossos pjs modernos pois apesar dos jogadores saberem o que havia acontecido tinhamos que jogar com personagens que não sabiam com que estavam lidando... era muito engraçado...

    Fica a dica... Caso vcs joguem no mundo medieval e acabem participando da historia do mundo, experimentem jogar um rpg moderno onde pjs modernos descubram que existiu um grupo no passado que ajudou a construir a historia...

    Sugiro deixar algumas lacunas ou perguntas sem respostas na era medieval para serem esclarecidas durante a camapanha moderna...

    é isso...
    ah!
    tambem prefiro que o blog de uma enfase aos artigos de rpg do que para os downloads... idéias novas são sempre bem vindas!

    ResponderExcluir
  9. @Joker

    A 3ª edição tem muitos méritos, principalmente em tornar o jogo mais ágil e facil de ser aprendido (mas não de ser dominado).

    Mas o AD&D sempre me pareceu mais "medieval", seja na arte, seja até mesmo nas regras. O D20 foi feito para ser um sistema genérico, enquanto o AD&D e o D&D1 eram especializados em um único estilo de jogo.

    Na dúvida eu aproveito o melhor de cada um e excluo o que não gosto.

    @Caio (Galahad Kilf)

    O melhor jogo para se fazer uma campanha em várias eras é com certeza Vampiro: A Máscara. Você pode jogar com seus Neófitos na idade média e depois fazer uma nova crônica com eles já anciões na era atual, muito mais poderosos, mas sem nenhum conhecimento da atual tecnologia (o próprio livro básico diz que alguns anciões poderosíssimos temem coisas simples como um telefone, simplesmente porque não sabem usá-lo).

    Quanto aos artigos eu vou tentar manter uma média de 50%, pois é fato que muitos leitores gostam de baixar livros.

    ResponderExcluir
  10. Aí, Banguela!
    Show de bola a matéria!
    Vejo que temos a mesma linha de pensamento!

    ResponderExcluir
  11. Valeu, guilekane!

    Mas quem escreveu o artigo foi eu, o Oráculo!

    ResponderExcluir
  12. Esse post me fez lembrar os bons tempos do RPG, antes da influência de mangás tomar conta do D&D. O que eu acho que se perdeu do AD&D para o D&D 3 e subsequentes é justamente essa coisa da mitologia realística, do fantástico verossímil a lá caverna do dragão. Mas fiquei curioso sobre os Historical Reference Sourcebooks. Será que tem como disponibilizar o download?

    ResponderExcluir
  13. Os Historical Reference Sourcebooks, também conhecidos como Livros Verdes, nunca foram traduzidos para nossa língua, e como a política do Dragão Banguela é de só colocar livros em português, não vai rolar de colocar aqui, mas eu posso catar alguns e colocar na comunidade do Dragão Banguela no orkut.

    Outra linha que também usava a História do mundo real era a série Masque of Red Death, uma série de suplementos para Ravenloft que incluia até um Guia para a Transilvania!

    ResponderExcluir
  14. muito loko o artigo meu. legal mais eu posso fazer uma campanha no estilo de supernatural so que na idade media ou renacentista?Seria legal

    ResponderExcluir
  15. Supernatural seria aquele seriado que passa na Warner?

    Se for eu acho que é uma temática que cabe em qualquer época.

    São dois jovens enfrentando todo tipo de assombração. Basta pegar essa premissa e jogar no seu periodo histórico favorito!

    ResponderExcluir