
Olá Vermes!
Hoje, presenteio vocês com mais um Post do Leitor.
O participante de hoje já deu as caras por aqui (na verdade foi o estreiante da sessão! Que lamentável, já é o 2º post do cara e alguns de vocês ainda não tiveram coragem de tentar o primeiro, tsc tsc, espero mais de vocês leitores...), então agora é com você Oráculo...
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Scans - Divulgação ou Pirataria?
Pirataria, violação de direitos autorais, scans proibidos... Estes assuntos acabaram ficando em evidência ultimamente, o que me motivou a escrever este texto.
Sejamos francos, todo mundo já fez um download de conteúdo alheio na vida! Vamos lá, não vão dizer que ninguém nunca baixou uma musiquinha sequer? Esta com certeza é uma discussão sem fim, de um lado os detentores de direitos autorais que se dizem roubados, enquanto do outro estão os usuários da Teia Digital, baixando arquivos para seu uso. Porém, no âmbito desta pequena comunidade de jogadores de RPG, a discussão sobre tal só começou com o lançamento do Livro do Jogador de D&D 4ª edição (blaaargh!). Bem, o blog, até onde eu sei é focado em downloads, 90% das postagens tem links com materiais para serem baixados, em sua maioria de AD&D, embora outros sistemas também apareçam raramente.
Alguns ficaram impressionados com a rapidez com a qual o material chegou à internet, enquanto outros reclamaram que isso atrapalha os lançamentos de material traduzido aqui no país. Mas quem está certo afinal? Eu diria que ambos... e ninguém!
Scans - Preservação digital ou pirataria?
Um dos periféricos mais úteis que um computador pode ter é um scanner. Para quem esteve em torpor nas últimas décadas, trata-se de um equipamento que tira cópias de um documento impresso, seja este a sua carteira de identidade ou até mesmo um livro inteiro, página por página.
É claro que além dos usos óbvios em relação às atividades profissionais, muita gente usa o scanner para a pirataria. As leis são bem claras, "xerocar" um livro sem a autorização de seu autor é crime, portanto, scannear um livro também é um crime. Pois é, mãos na cabeça todos vocês, somos todos criminosos!
Porém, essa, como muitas outras leis no Brasil não funciona muito bem. Primeiro porque não há muito como se controlar quem copia o livro, além do mais, se a pessoa possui o livro original ela não é considerada criminosa, por estar apenas "preservando digitalmente" seu material. Eu mesmo, recentemente digitalizei todo o Livro dos Monstros de AD&D 2ª edição! A preservação digital é uma boa maneira de se manter um documento que com o tempo será perdido, afinal, o papel se deteriora com o tempo, enquanto um arquivo digital pode, ao menos em teoria, durar para sempre.
Preservar um documento digitalmente não deve ser considerado a mesma coisa que a pirataria, afinal se você está preservando um documento, presume-se que você possua o original! Porém, quando o mesmo documento acaba se espalhando pela rede, existe o risco de que as pessoas prefiram fazer o download gratuito ao invés de comprar o livro original, e é aí que a caveira e os ossos cruzados começam a atacar...
Pirataria X Direitos Autorais
Creio que (embora não possa provar), a maioria das pessoas que scaneiam um livro estão apenas querendo preservá-lo para futuras gerações e divulgá-lo, para que outros possam se interessar e comprá-lo. Pelo menos é o que eu fiz em relação ao Livro dos Monstros do AD&D, e creio que o objetivo deste blog seja exatamente o mesmo.
Porém, é impossível negar que hajam pessoas que querem apenas fazer o download para economizar. É preciso deixar de lado a hipocrisia para tratar deste assunto, afinal será que ninguém nunca fez um download sem ter o material original? Eu mesmo possuo dezenas de livros de D&D e AD&D 1ª edição que foram publicados há quase trinta anos atrás. Será errado eu querer aproveitar um material que a própria TSR abandonou?
Existe a questão dos direitos autorais, e para um autor pode parecer ultrajante que sua obra seja "dada" a desconhecidos sem que ele receba os lucros por isso, mas existem materiais que já estão fora de linha a tempos, a própria ânsia das editoras em lançar novas edições (mesmo que as mudanças sejam mínimas como em D&D 3,5) se encarrega disso. Percebam que com o lançamento da 4ª edição de D&D, todo o material da 3ª edição será perdido no limbo, pois tanto a Wizards quanto a Devir já anunciaram que não darão mais suporte a esta linha (o que é lamentável, pois a 4ª edição é mais um jogo separado do que uma continuação da 3ª edição).
Mas e quanto ao caso do scan do Livro do Jogador da 4ª edição? Podemos afirmar que quem gostar do jogo irá comprar a versão impressa, mas vejamos um pouco as coisas pela ótica de um escritos de RPG. Os autores do livro recebem os direitos autorais em cima da venda dos livros, se ele vende muito ele ganha bem (não tão bem assim na verdade, afinal um escritor não é um engenheiro ou advogado), se o livro vende mal simplesmente não serão impressas novas tiragens e o material vai para o limbo.
O lado artístico do escritor quer que todos leiam seu material, porém é obvio que o lado capitalista quer que isso seja feito por um preço. É a mesma coisa com as músicas, com a grande diferença é que os músicos ganham mais dinheiro fazendo shows do que vendendo CDs, enquanto os escritores dependem apenas da venda dos livros. Se todos os que baixam os arquivos e realmente gostam do livro simplesmente compram o dito cujo, vive-se perfeitamente bem, não importa o que os Grão-Mestres capitalistas digam, pois, mesmo com os scans os livros são vendidos.
O ponto é que, vivemos num país com pouca tradição em leitura, o que faz com que os livros saiam caros demais. Além do fato de que livros não são uma forma de cultura muito difundida no país, existe o fato de que um livro de RPG custa muito mais para ser produzido do que qualquer outro livro com o mesmo número de páginas, isso porque, a grande maioria dos manuais e suplementos de RPG tem pelo menos papel colorido, grande número de ilustrações, capa dura, papel especial e todas aquelas coisas que enchem os olhos. Isso é claro tem um custo, que acaba sendo repassado para nós meros mortais.
Não estou defendendo as editoras, o Livro do Jogador tem um preço abusivo, mas desafio a qualquer um encontrar um livro com mesma qualidade e tratamento gráfico com um preço MENOR do que o do Livro do Jogador de D&D 3,5.
É claro que isso não é desculpa para sairmos baixando tudo por aí, mas com certeza não dá para sair comprando todos os livros interessantes que saem para cada sistema de RPG, pelo menos não sem ficar com o orçamento detonado!
Se os livros ficam caros demais o público simplesmente deixa de comprar, preferindo os scans que são gratuitos, o que pode ocasionar com que a Devir pare de traduzir os RPGs estrangeiros, fazendo-nos ficar sem material em português.
Soluções?
Sejamos francos, vivemos num país de terceiro mundo. Sim, a situação hoje em dia é muito melhor do que a dez anos atrás, mas ainda assim o povo brasileiro em geral não tem o mesmo poder aquisitivo que na América do Norte ou na Europa, por isso ter m livro com a mesma qualidade que o original em inglês é ao mesmo tempo bom, por termos materiais de grande qualidade, mas também um atrativo para evitar a compra do material original, dando preferência aos scans gratuitos.
Uma solução possível seria as editoras disponibilizarem versões "baixa-renda" dos livros de RPG, com menos ilustrações, papel de qualidade um pouco inferior, capa mole, etc. Sim, o visual ficaria um lixo em relação o original, mas pelo menos ficaria barato o suficiente para todos comprarem.
Porém essa é uma sugestão minha, que talvez nem mesmo possa ser seguida, pois talvez no contrato das editoras estrangeiras com as nacionais possa existir um parágrafo que dite que o livro nacional deva ser o mais fiel ao original o possível, mesmos assim essa sugestão serve para mostrar que existem outras saídas pra resolver os problemas.
Outro meio que já vem sendo utilizado em pequena escala é o das "versões de teste", ou seja, versões mais simples dos livros para serem lidas no próprio computador. Se as editoras apostassem nesse seguimento, certamente poderiam lançar versões de teste de seus maiores títulos para os jogadores "sentirem o gostinho" de jogar o seu jogo, e se gostarem compram o livro impresso e completo.
Na verdade, a integração entre a mídia impressa e a virtual deve ser feita, pois não há como escapar da realidade de que os scans estão aí para ficar. Ao invés de combatê-los as editoras devem sim é aprender a usá-los de forma que não diminuam seus lucros, mas sim aumentem sua margem de fãs.
É claro que sempre existirão aqueles que irão baixar as versões scaneadas e jamais gastarão um mísero centavo em um livro de verdade, mas esse tipo de sujeito existe desde que pegavam nossos discos de vinil emprestados pra gravar em fita...
Este foi mais um texto escrito pelo leitor Oráculo!
Neste link você pode conferir o post dele chamado Builders e a Interpretação.
Abaixo os stats do Oraculo:
* O seu nome real: Ygor da Silva Vieira
* O seu apelido (se tiver um): Oráculo
* A sua idade: 22 anos
* Sistema que mais gosta de jogar: Lobisomem: O Apocalipse e AD&D
* Há quanto tempo joga RPG: jogar a sério mesmo... desde 2001. Mas conheço RPG desde 1995!
Por hoje é isso pessoal!
Espero que criem coragem e enviem o seu Post do Leitor para ser publicado aqui no blog. Se tiver culhões suficientes basta acessar este link para saber como participar.