
Olá bando de vermes!
Conheçam o estreiante do
Post do Leitor e o seu artigo sobre "Builders e a Interpretação"...
... Antes de mais nada, uma salva de palmas ao leitor Oráculo, por se prontificar a participar do Post do Leitor e ser o estreiante (por pouco, pois outro leitor quase foi o primeirão).
Espero que após esse primeiro Post do Leitor, os leitores frangotes deixem de lado o medo ou receio de escrever para o Post do Leitor e comecem a enviar seus post's para eu publicar aqui.

Bem, sem mais delongas, confiram o post do leitor Oráculo:
Builders e a Interpretação

"Desde os primórdios do RPG os jogadores foram se subdividindo em várias "categorias". Aqueles que preferiam a interpretação às regras eram chamados de “roleplayer” enquanto aqueles que optavam por ater-se somente à ficha eram conhecidos como "overpower" e assim por diante. Isso levou a inúmeras discussões no passado sobre a superioridade de determinado sistema sobre outro.
Os fãs do sistema Storyteller diziam que AD&D era "só porrada" e Vampiro era o ápice do Role play, mesmo que a grande maioria dos jogadores acreditasse que Role play ser somente encontrar novos meios de demonstrar sua superioridade através de suas Disciplinas.
Quem lia a finada revista Dragão Brasil (que os deuses a tenham) já deve ter acompanhado as infindáveis disputas entre os fãs de determinados sistemas e as categorias usadas para descrever os seus jogadores.
Quem jogava AD&D só queria enfrentar monstros e passar de nível, quem jogava Vampiro e similares era um verdadeiro ator, quem jogava GURPS era um fanático por regras e assim por diante. Claro que isso não passava de uma grande besteira, já que quem faz a campanha são os jogadores e o Narrador e não as regras, mas mesmo assim, era a mentalidade predominante na época. Contudo, tudo isso mudou com o advento da 3ª edição de Dungeons & Dragons e seu poderoso Sistema D20, tido como o Windows do RPG.
Como a grande maioria dos jogadores agora jogava D20, as disputas e subdivisões foram deixadas um pouco de lado e cada um se divertia a sua maneira. Porém a nova edição de D&D trouxe uma nova espécie de jogador que simplesmente tomou conta de todos os fóruns, comunidades e grupos de jogos. Sim, caro amigo, falo dos temíveis Builders."
ORIGEM
"Se em AD&D os jogadores tinham poucas opções para diversificar seus personagens através das regras, na 3ª edição tudo isso mudou drasticamente. Antes, dois guerreiros humanos de 1° nível seriam praticamente iguais do ponto de vista das regras, ou pelo menos a partir das regras básicas, sem contar com Especializações, Perícias com Armas, Estilos de Combate e Etc.
Já na 3ª edição, a coisa mudava muito de figura, principalmente devido aos Talentos. Com essa nova regras, era possível personalizar muito mais o seu personagem, gerando combos que tornavam os personagens bem mais poderosos que seus antecessores da 2ª edição. Os dois guerreiros do exemplo anterior podem ser ótimos usando espadas longas, mas o primeiro pode ser do tipo que se preocupa em causar grandes estragos sem se preocupar com a mira (Ataque Poderoso), enquanto o outro prefere se ater a um estilo de combate mais defensivo (Esquiva).
Como os Talentos são adquiridos por nível, sempre religiosamente da mesma maneira (ou seja, um a cada Três níveis, mais os adicionais por raça, classe, etc.), nada mais óbvio do que escolher quais os Talentos se enquadram melhor na concepção do personagem e quando forem alcançados os níveis mais altos, somente colher os benefícios dos Talentos pré-escolhidos.
O primeiro guerreiro dos exemplos anteriores é do tipo que prefere "varrer" o campo de batalha com sua espada, por isso certamente irá escolher um Trespassar ou algo do tipo, enquanto o segundo guerreiro futuramente preferirá os benefícios da Mobilidade. A esse ato de pré-selecionar os Talentos antes mesmo de se alcançar o nível necessário para se usufruir seus benefícios deu-se o nome de "Build"."
BUILDS VS ROLEPLAY
"O grande problema desse tipo de "plano de previdência " do D&D 3ª edição é que hoje em dia vemos milhares de Builds assolando o mundo do RPG. Entre em qualquer comunidade no orkut relacionada a D&D e veja quantos tópicos existem com títulos como "Build de Guerreiro", "Build de Ladino com infinitos Ataques Furtivos", "Mago Ofensivo", entre outras.
Geralmente tais jogadores fazem essa construção antes mesmo de criar a personalidade do personagem, mas... não era pra ser um jogo de interpretação? Sim, é divertido ser poderoso, eu e o meu Vampiro Feiticeiro que o digam, mas será que realmente é o mais importante no jogo?
Vamos a uma situação hipotética: Você vai entrar em uma campanha de D&D e decide fazer um Ranger arqueiro e escolhe todos os talentos com arco que pode pegar logo de cara e ainda faz uma listinha com os talentos que vai escolher nos próximos níveis, então, Narrador permite que você escolha aquele Talento fodão pra atirar com doze flechas ao mesmo tempo, que está no livro tal, página tal (tá, eu viajei, mas isso é uma hipótese). Contudo, oh, vida cruel! Você só estará apto a receber seus benefícios no próximo nível e ainda falta muito XP.
Ora, um Builder que se preza sabe ser paciente e previdente. Mas então, nosso amigo Ranger, por infortúnio do destino (leia-se sacanagem do Narrador), acaba ficando perdido numa ilha escondida no * do mundo, sem o seu precioso arco. Lá as únicas coisas que você consegue achar como armas são pedras e galhos de árvore. Os galhos até dariam boas flechas, mas não há nem um reles cipó forte o suficiente para vergar um arco, portanto você só as poderá usar como clava e olhe lá. Após ficar dias, semanas e talvez meses perdido na ilha enfrentando os monstros que lá habitam enquanto procura um meio de sobreviver, nosso amigo Ranger acaba se tornando um exímio "claveiro" (e se essa palavra não existia acabei de inventá-la). Nesse meio tempo ele adquiriu XP suficiente para passar de nível e analisado sua preciosa Build ele vê que pode finalmente disparar sua tempestade de flechas, mas... peraí!
O cara passou meses lutando somente com uma clava, sem nem poder ver um arco e flechas pela frente! Será que faz sentido que ele tenha aprimorado sua capacidade em arquearia? Ele passou esse tempo todo usando uma arma em que basta somente a força bruta, portanto um Ataque Poderoso seria muito mais adequado. Pois é, a nossa Build de Ranger arqueiro foi pro Spelljammer... Maldito Role play! O que? O jogo é Role play Game? Ehnhh... então percebemos que há algo errado aí em cima, não?"
COMO SOLUCIONAR O PROBLEMA?
"Bem, não chega a ser exatamente um problema. Na verdade isso parece exatamente o tipo de coisa que acontecia na seção de cartas da falecida Dragão Brasil, onde os leitores faziam malabarismo com números com seus personagens de 3D&T a fim de ver quem fazia a ficha mais apelona. A diferença é que no D&D existe a finesse de se fazer uma coisa progressiva.
A Build pode até não começar poderosa, mas o jogador Builder tem a confortável certeza de torná-la poderosa em pouco tempo (a não ser que seu Narrador seja um Tio Patinhas com o XP). O fato é que, como foi didaticamente explicado no exemplo anterior, as Builds não são infalíveis se formos analisar as coisas no ponto de vista das histórias e, acredite, depois que a sua ficha está pronta, muita coisa pode mudar.
Meu poderosíssimo Vampiro Feiticeiro citado anteriormente (que não podia tomar banho mas tinha ND24) começou como um Feiticeiro Humano mixuruca, eu nem mesmo tinha pretensões de alcançar níveis altos com ele, mas de repente ele acabou se tornando um Vampiro durante o jogo e sua vida (ou pós-vida) mudou completamente. Não havia pré-determinação que pudesse prever que o Narrador faria o PdM Vampiro me transformar com a intenção de matar os outros personagens (o que, obviamente, não aconteceu).
Se você se diverte criando combos absurdos com Talentos, faça-o, afinal RPG é diversão, mas ao invés de fazer somente isso por que você não cria um Background emocionante antes mesmo de fazer a ficha? Em AD&D lembro-me de ter criado um personagem Bárbaro usando o Kit publicado na Dragão Brasil #36. Nessa versão os Bárbaros nunca poderiam usar armas de metal. Então ao invés de sair rolando os dados e pronto eu antes fiz uma história para o personagem e como fruto do meu esforço eu fui presenteado com uma Espada Bastarda, ignorando a limitação da regra.
O Background e o Role play superaram as limitações dos regulamentos, assim como qualquer Build. É claro que isso não acontece em todos os casos, senão todo mundo usaria sua imaginação (afinal, jogadores de RPG DEVEM ser pessoas criativas) para criar explicações absurdas para criar Paladinos cruéis, Magos espadachins, Halflings gigantes e etc., mas será que não vale a pena se esforçar só um pouquinho para criar algo que vá além de uma sequência de Talentos bem escolhidos?"
Esse foi o post escrito pelo leitor Oráculo, abaixo segue o "background" dele:
* O seu nome real: Ygor da Silva Vieira
* O seu apelido (se tiver um): Oráculo
* A sua idade: 22 anos
* Sistema que mais gosta de jogar: Lobisomem: O Apocalipse e AD&D
* Há quanto tempo joga RPG: jogar a sério mesmo... desde 2001. Mas conheço RPG desde 1995!
Bom galera, então é isso! Viu como ninguém morre por ora por colaborar com o Dragão Banguela?
Quem quiser escrever para o Post do Leitor deve acessar esse link e ler o que é necessário para participar.
Grande abraço a todos e aguardo mais leitores para participar do Post do Leitor.
Ps: Para aqueles que não entenderam o porque de uma foto de uma construção, o Oráculo me pediu para explicar para os mais desligados, que como o post dele tem haver com contrução de personagens (os chamados jogadores Builders), a palavra "Build" significa "Construção" .