terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Os Injustiçados parte 3 - Wraith: The Oblivion

Dos RPGs abordados nos textos anteriores, todos tiveram algum grau de sucesso, alto ou baixo, mas acabaram sofrendo da mesma maneira.

Desta vez o Oráculo vai um passo além e traz mais um Injustiçado que desta vez foi a ovelha negra da família em sua editora...

O QUE É?

Wraith: The Oblivion foi um jogo da linha Storyteller em que os personagens interpretavam Aparições, pessoas que morreram, mas por algum motivo ainda tem assuntos inacabados na Terra, podendo ser um amor não correspondido, uma vingança, ou seu inquilino que lhe devia quatorze meses de aluguel.

Mas as coisas não são tão fáceis assim para as Almas Inquietas, primeiro por não serem capazes de interagir com o mundo dos vivos (não sem usar seus poderes especiais), além disso o mundo dos mortos é governado pela Hierarquia, o grupo de vilões mais porreta do Mundo das Trevas, capazes de fazer os Antediluvianos, os servos da Wyrm e a Tecnocracia se abraçarem juntinhos chorando pela mamãe!

Wraith se passa no mesmo Mundo das Trevas de Vampiro: A Máscara, Lobisomem: O Apocalipse e os outros, porém na maior parte do tempo os personagens estarão no mundo dos mortos. Apesar dos problemas com a Hierarquia, a maior luta das aparições é contra o esquecimento, pois se todas as suas lembranças no mundo físico desaparecem a Aparição estará condenada ao Limbo (praticamente a "morte" de um morto). Existem aqueles, contudo, que conseguem transcender e viver sua pós-vida em paz eterna, mas isso é praticamente o mesmo que um Vampiro atingir a Golconda ou um Mago alcançar a Ascenção.

PORQUE NÃO DEU CERTO?

Wraith é um jogo muito depressivo. Se em Vampiro existe todo o lado negro em ser o predador de sua própria espécie, isso é compensado pelo lado galante do mito dos vampiros, ou até mesmo as disputas Camarilla x Sabá. Já com as aparições, mesmo que seu personagem viva um romance à la Ghost, do Outro Lado da Vida, na maior parte do tempo você vai ser lembrado de que é um fantasma sem substância, incapaz de interagir com os seus entes queridos. Além disso, a Hierarquia domina completamente o mundo dos mortos, causando muitos problemas para os personagens, que podem até mesmo ter o fim trágico de virarem dinheiro (já que o comércio nas Necrópoles é feito com almas).

Além disso há o problema em se ter de interpretar dois personagens ao mesmo tempo. Toda Aparição tem uma Sombra, que é o seu lado mais sombrio. A Sombra de sua Aparição é controlada por OUTRO jogador e sempre que possível tentará lhe prejudicar. Apesar de ser uma idéia interesante, isso pode causar problemas por tornar o jogo mais confuso e se o grupo não for experiente pode até causar brigas entre os jogadores.
Por esses motivos, Wraith vendeu muito pouco e acabou saindo de linha lá nos EUA, o que fez com que a Devir não se arriscasse a traduzí-lo.

DESFAZENDO A INJUSTIÇA

Apesar de não termos uma versão oficial o grupo Dictum Mortuum traduziu a primeira edição do Livro Básico. Além disso, desde 2008 existe o projeto de tradução da 2ª edição, que infelizmente parece estar paralizado.
Mesmo com todos os problemas apresentados Wraith é um jogo muito criativo, além disso, os fantasmas sempre fizeram parte do imaginário popular, então se você curte um jogo de horror de qualidade e não se importa em interpretar cenas mórbidas ou até mesmo um tanto depressivas, Wraith é uma ótima opção!

8 comentários:

  1. Porra, parece ser interessante esse esquema da Sombra do personagem controlada por outro jogador, mas realmente, o grupo tem que ser sábio para não fechar o pau na mesa.

    Muito boa a resenha e bom saber também que existe um grupo que traduziu o livro básico.

    Agora cá entre nós sobre a tradução do livro, uma coisa precisa ser admitida: A galera que é mais do lado de Storyteller é muito mais unida e empenhada que a galera do D&D para traduzir materiais.

    Porra, eu pego por exemplo o Vampiro: A Máscara. A Devir lançou bem poucos materiais para essa linha, mas tem os Tradutores do Movimento Anarquista que fazem um trabalho "profissa" traduzindo e diagramando os livros. O mesmo se diz da Nação Garou.

    Abram os olhos galera do D&D. Vamos nos puxar para traduzir materiais e não viver apenas na sombra das traduções da Devir.

    Ótimo texto Oráculo. Grande abraço galera!

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  2. Se levarmos em conta que existem pelo menos uns 3 grupos de tradução de Storyteller ainda em atividade (Movimento Anarquista, Nação Garou e Rogue Council), realmente eles são bem produtivos.

    O mais impressionante é que eles além de fazerem todo o trabalho de tradução ainda fazem a diagramação idêntica ao original americano.

    Quanto ao lance da Sombra, pelo menos no meu antigo grupo isso na certa ia dar porrada. E olha que todos já jogavam a mais de 10 anos.

    Além da resenha pretendo postar o livro para Download, portanto fiquem ligados.

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  3. Então, não sei se estou errado, mas pelo menos aqui no Rio Grande do Sul, a comunidade de jogadores de D&D parece ser maior do que aqueles que jogam Storyteller, não que os grupos de Storyteller sejam pequenos, não é isso, mas parece que aqui há, vamos dizer em proporções, 3 Jogadores de Storyteller para cada 5 Jogadores de D&D, não sei como é no resto do Brasil, mas se for levar em conta o número de sites de RPG que dão mais enfase ao D&D do que o Storyteller, acho que o D&D sai na frente em nº de jogadores.

    O que seria ideal é que houvesse uma organização por parte dos jogadores de D&D para criar grupos sérios (não que não existam, mas são poucos) de traduções de materiais de D&D. Porra, se tu entra por exemplo na comunidade oficial de D&D no yogurte, tu só vai ler coisas do tipo: " e ae véio, olha minha build", "build mata dragões vermelhos anciões com um cuspe", "build fodônica do zé" e por aí vai.

    Há ao que parece uma falta de interesse da maioria dos jogadores em se organizarem e traduzir materiais.

    Bom, já escrevi demais aqui, mas se alguém ler essa porcaria do meu texto, pensem nisso. Como seria legal se tivéssemos mais materiais traduzidos ao nosso alcance.

    Grande abraço e boa noite galera!

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  4. Bom, como eu nunca tenho nada para fazer, li esta porcaria que o trapaceiro escreveu, kkk...E digo, estou só esperando a criação dos banguelinhas para tradução...hehe

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  5. Eu tinha um amigo que saia bem abalado das "sessões" (heheh) de jogo e acabaram proibindo ele de jogar. Esse aí é porrada mesmo! Dependendo da pessoa, a experiência de jogo pode ser mais frustrante do que prazerosa.
    O próprio fato de ele ter sido abandonado mostra que é um sistema que funcionou tão bem que não cativou os jogadores "leal e bom" de outros jogos - qual? que é esse?

    Ainda não tive a oportunidade de jogar. =/

    Sobre as traduções, os meus amigos que jogam Storyteller são todos anciões do RPG, que dominam o inglês perfeitamente e que que jogam desde 80, tendo experimentado quase todos os sistemas e jogos desde o D&D até o Shadowrun. Já os do D&D são uma gurizada super jovem que só conhece esse sistema, que mal sabe o "My name is" e que as vezes até não gosta de ler(!!!)...
    Digamos que o Storyteller reúna jogadores mais maduros que, geralmente, tem melhores condições e são movidos a fazer o trabalho demorado e complicado que é uma tradução. Olha o grupo anarquista mesmo, super a vê com vampiro, só iam se empenhar mesmo, mas e o D&D? Os jogadores novos não sabem traduzir e estão ocupados demais jogando WOE enquanto que a galera da antiga tem o D&D como SÓ mais um sistema, que eles jogam de vez em quando.

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  6. A minha frase verificação de SPAM foi: "tokersh".
    Que belo nome pra um ORK!
    hahahauahauhauahauaha

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  7. Ei galera, não tem só grupos de tradução do Trio das Trevas (Vampiro, Lobisomem e Mago), eu e agalera da Street Fighter RPG do Orkut traduzimos os suplementos oficiais americanos (que nunca vieram pro Brazil) de nosso jogo favorito também!

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  8. Com certeza! As traduções do SFRPG são impecáveis (e graças aos deuses não utilizam as ilustrações originais!).

    Mas isso não torna menos válido o comentário de que os grandes grupos de tradução são mais focados em Storyteller do que em outros sistemas.

    Existem tradutores de D&D, AD&D e outros sistemas importados, mas são bem poucos e bem menos produtivos se compararmos com a Nação Garou, o Movimento Anarquista ou o SFRPG Brasil. O único que eu posso citar assim de cara é o Últimos Dias de Glória que fez ótimas traduções de materiais de Forgotten Realms.

    Então, cambada, se você traduz livros de AD&D, D&D, GURPS ou o que quer que seja, entre em contato conosco para divulgarmos por aqui!

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