
Dando continuidade à série de textos sobre RPGs que tinham tudo pra dar certo mas não vingaram, agora o Oráculo ataca com Hadoukens, Shoryukens e "Alec Fulls". Então junte suas fichas, aperte start e leia sobre o piorneior dos video games sem video game!...
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ORIGEM
Nos primórdios da década de 90 o RPG estrangeiro passava por uma crise. Os jogadores antigos estavam se afastando e não surgiam novos jogadores. Pensando nisso as gigantes do RPG resolveram criar novas linhas para atrair novatos.
A TSR atacou com First Quest, uma versão simplificada do seu famosíssimo Advanced Duangeons & Dragons (cujo "Advanced" espantava muitos novatos). Enquanto isso a White Wolf largou seus vampiros, lobisomens e magos pra atrair os novatos com Street Fighter!
Baseado na famosa série de jogos da Capcom (que se você nunca jogou, realmente nunca viveu neste mundo), Street Fighter: The Storytelling Game usava o sistema de regras Storyteller, mas com certas modificações para comportar o universo dos Guerreiros Mundiais.

POR QUE NÃO DEU CERTO ?
É difícil dizer por que o jogo não deu certo nos EUA, já que o cenário era riquíssimo e o jogo tinha ótimas idéias, além de transformar um novato que nunca jogou RPG na vida em um verdadeiro roleplayer, com suas regras simples e grande foco na interpretação.
Já no Brasil o fracasso do jogo foi meramente uma disputa entre empresas. A Devir Livraria tinha os direitos de tradução de toda a linha Storyteller e lançou os jogos Vampiro: A Máscara, Lobisomem: O Apocalipse, Mago: A Ascenção, entre outros. Contudo, eles não poderiam lançar Street Fighter, pois o jogo é propriedade da Capcom.
Porém, ao fim de 1998 a Editora Trama, responsável pela Dragão Brasil, conseguiu um contrato para lançar produtos da Capcom, como quadrinhos e RPGs. Os primeiros RPGs dessa linha foram os da série 3D&T, mas logo eles viram a oportunidade de lançar o Street Fighter: The Storytelling Game, que há tempos era pedido pelos fãs brasileiros.
O jogo foi lançado em três fascículos e se tornou o livro básico mais barato do Brasil (só perdendo pros próprios RPGs da Trama como 3D&T e Trevas), com um conjunto completo a menos de R$ 15,00. Foi umainiciação ao RPG para muitos, incluindo este que vos escreve.
Porém, a Devir alegou que, por ser um jogo da linha Storyteller, portanto, pertencente à White Wolf, o jogo não poderia ser publicado sem sua autorização. A situação ficou extremamente confusa, já que os personagens, o cenário e o próprio jogo original de video games pertence à Capcom.
Com essa situação, a Trama acabou não publicando nenhum material além do livro básico, e mesmo na revista Dragão Brasil o jogo não tinha suporte algum. Como não tinha suplementos em português e o material publicado na Dragão Brasil era praticamente nulo, Street Fighter acabou caindo no esquecimento. Chegou a ter uma versão encadernada custando menos do que os três fascículos originais, mas isso não ajudou a alavancar o jogo.

DESFAZENDO A INJUSTIÇA
Como RPG, Street Fighter não faz feio, e a White Wolf como sempre nos trouxe material de muita qualidade. Para quem pensa que Street Fighter é só pancadaria temos um cenário muito rico sobre o submundo dos torneios clandestinos de artes marciais e a grande organização criminosa Shadaloo.
As regras do jogo também são bem interessantes. Existem dois modos de combate, um estratégico e outro narrativo, no primeiro usam-se cartas com as manobras utilizadas pelos lutadores (desde um soco até um Hadouken) e um mapa hexagonal com miniaturas, já no sistema interpretativo as coisas funcionam melhor do que no sistema Storyteller normal, já que com apenas uma rolagem de dados se resolve o ataque (evitando as jogadas absurdas de Lobisomem, por exemplo).
Hoje em dia, nos tempos da internet, Street Fighter ainda é mantido vivo por seus fãs, com destaque especial para o site Street Fighter RPG Brasil, que publica toneladas de material para o jogo, incluindo até as fichas de lutadores do mundo real como os brazucas Vitor Belfort e Lyoto Machida. Além disso existem traduções dos suplementos que não foram lançados em português oficialmente.
Por isso, se você ainda não teve a oportunidade, junte seu grupo e vá "ao encontro do mais forte"!
MATERIAL INDICADO
* Street Fighter: The Storytelling Game - Lançado no Brasil sob o título de Street Figthter: O Jogo de RPG, este é o livro básico do jogo, e o único lançado oficialmente;
* Secrets of Shadoloo - O melhor suplemento do jogo, mostra em detalhes a mega organização criminosa que é pedra no sapato da maioria dos Street Fighters;
* Player's Guide - Como todo título Storyteller que se preze este também ganhou seu Guia do Jogador, com novas regras e expsnão das regras antigas, além de muito material para background e interpretação;
* Contenders - Novos estilos de luta, novas manobras especiais e dezenas de novos lutadores;
* The Perfect Warrior - Aventura pronta sobre um sensei lendário e seu estilo de combate único.