Arre égua!
É isso aí, cambada! Em mais uma edição da coluna Gêneros Alternativos vamos falar sobre duelos ao por-do-sol, caubóis, saloons e tudo relacionado ao gênero do faroeste, ou western para os mais chiques!
Entonces peguem seus chapéus, selem seus cavalos e vejamos quem é o gatilho mais rápido do oeste...
...
O gênero conhecido como western, ou faroeste compreende as mais diversas obras na literatura, televisão, quadrinhos videogames e cinema, tornando-se parte intrínseca da cultura norte americana.
Mais do que isso, é um fenômeno cultural que atravessou o mundo inteiro se tornando popular em diversos países, mesmo compreendendo um período estritamente restrito à história dos Estados Unidos.
Na verdade, um dos países que mais produziu filmes para esse título é a Itália. Também é da terra do spagetti a maior história em quadrinhos do gênero, o grande Tex Willer da Bonelli Comics.
E apesar de pouca gente dar atenção a esse gênero no universo do RPG, um dos primeiros títulos da TSR, criadora de Dungeons & Dragons, é Boot Hill, justamente um RPG sediado no velho oeste!
Por isso mesmo decidi dedicar algumas linhas neste blog sobre esse gênero, mas antes vamos a uma pequena aula de história.
ORIGENS
O termo Velho Oeste refere-se ao período da históra norte americana entre a segunda metade do século XIX até o final do século, passando pela Guerra de Secessão. Toda a região a oeste do Rio Mississippi era considerada far-west (oeste distante).
De maneira resumida, essa foi a época em que os EUA foram "limpando" tudo à esquerda do mapa até dominarem a área que hoje conhecemos como Estados Unidos da América, matando milhares de índios no processo.
Porém, foi nessa época também em que surgiu a figura romantizada dos caubóis (cowboys), que como o nome sugere, eram os vaqueiros, ou seja, sujeitos que cuidavam do gado, mas que também eram os desbravadores de territórios.
Enquanto o leste dos EUA já eram bem parecidos com a Europa, o oeste ainda era uma terra "selvagem" dominada por tribos indígenas que entravam em constante conflito com os invasores brancos, e por isso mesmo a maior parte das obras western trata do conflito entre os caubóis (os "mocinhos") e os índios (retratados como os peles vermelhas caçadores de escalpos).
OBRAS RECOMENDADAS
A origem do gênero western está na literatura, sobretudo os pulps, livrinhos de bolso baratos e de qualidade duvidosa que até hoje podem ser encontrados em qualquer banca de jornal Brasil afora.
O cinema western norte americano foi um dos maiores expoentes do cinema estadunidense, com filmes sobre cowboys desbravando as fronteiras do oeste selvagem enfrentando os terríveis índios (ou assim eles eram retratados). O grande astro desse tipo de cinema, sem dúvida era o ator John Wayne.
Contudo, os melhores filmes do gênero são os italianos, conhecidos como western spaghetti, com orçamento extremamente inferior aos hollywoodianos mas com roteiros mais bem desenvolvidos e um alto teor de violência. Sem dúvida nenhuma o maior diretor desse estilo foi Sergio Leone autor da Trilogia dos Dólares (Por Um Punhado de Dólares, Por Uns Dólares a Mais e Três Homens em Conflito) com seu protagonista, o Herói Sem Nome que imortalizou o ator Clint Eastwood.
As principais diferenlas entre os westerns italianos e os estadunidenses é que nos italianos não há um "mocinho", os protagonistas não são heróis tipicamente corretos mas sim pistoleiros com um senso próprio de honra. Os xerifes também são retratados como corruptos ao invés do bom velhinho com a estrela dourada no peito.
Além dos filmes de Sergio Leone (principalmente os com o Clint Eastwood) também recomendo o filme Django, dirigido por Sergio Corbucci e estrelado por Franco Nero, cuja característica principal é o protagonista que sempre carrega um caixão com uma metralhadora dentro.
Nos quadrinhos o gênero western se popularizou após o fim da quando o gênero de super-heróis perdeu sua força. Dentre os trabalhos mais famosos estão Segunda Guerra MundialJonah Hex, Bat Lash e Nighthawk, todos da DC, embora só Jonah Hex tenha sobrevivido aos dias de hoje. Este estilo de quadrinhos se consagrou, principalmente com compilações como a All-Star Western, mas perdeu força nos anos 60 com a revolução da Marvel e seus super-heróis, apesar da Marvel também ter investido no gênero durante seu auge.
Mas na minha sincera opinião a melhor obra western dos quadrinhos - e da literatura em geral - é Tex, da editora italiana Bonelli Comics. O personagem principal, Tex Willer, foi criado em 1948 e até hoje ainda é publicado. As HQs mostram suas aventuras pelo velho oeste e retratam um herói que mistura características dos mocinhos norte americanos e dos pistoleiros fora da lei dos filmes italianos.
Tex é aliado dos índios, reconhecido como chefe da tribo Navajo - os quais o chamam de Águia da Noite - e membro do corpo de Rangers do Texas. Apesar de ser um defensor da lei, combate figurões da política corruptos com a mesma ferocidade que os bandidos comuns. Uma característica da série de HQs é mostrar a evolução do personagem que nos primeiros números era um jovem cáuboi que foi envelhecendo dentro da história, mas sem perder seus ideais.
No Brasil a HQ começou a ser publicada pela antiga editora Vecchi, precursora da Nova Vecchi que publicou o RPG Monstros. Depois passou pela Rio Gráfica Editora onde continuou a ser publicada quando essa mudou de nome para Editora Globo e posteriormente passou para a Mythos onde é publicada até hoje.
As HQs do Tex tem pouco apelo visual pelo fato de serem em preto e branco com um papel que lembra jornal, mas suas tramas são bem desenvolvidas e carregam uma riquíssima carga histórica sendo mais confiáveis como referência - guardadas as devidas proporções, é claro - do que muitos livros de história. Uma verdadeira aula é a saga do General Custer, famoso herói da Guerra Civil Americana.
Já nos games existem duas obras principais sobre o gênero e que atrairam legiões de fãs, o clássico arcade Sunset Riders, da Konami e o atual sucesso da Rock Star (de GTA) Red Dead Redemption. Outros games que valem à pena são o clássico Gun Smoke da Capcom e Red Dead Revolver, também da Rock Star.
Pouca gente sabe ou se lembra, mas um dos primeiros títulos da TSR após o estrondoso sucesso de Dungeons & Dragons foi Boot Hill, RPG ambientado no velho oeste. Assim como D&D, Boot Hill começou como um jogo de miniaturas e só com o passar do tempo foi ganhando características de um verdadeiro Role Playing Game. Uma de suas principais características foi o fato de ser pioneiro no uso de dados de porcentagem (2d10) na resolução de testes de perícia.
Apesar do pioneirismo Boot Hill não fez tanto sucesso e foi cancelado após sua terceira edição em 1990 (apesar de D&D ter só quatro edições oficiais é sabido que o jogo teve infinitas revisões e versões alternativas).
Outro RPG ambientado no velho oeste de grande destaque é o famoso Deadlands que combina também elementos de terror e steampunk em um jogo único. Uma das características mais interessantes do sistema é o uso de fichas de poker no jogo. Apesar de nunca ter chegado ao Brasil este é um jogo de bastante sucesso e que também teve versões oficiais para Gurps e para o Sistema D20.
A White Wolf também investiu no gênero nos idos dos anos 90 com Werewolf: The Wild West que levava seus Garou para o oeste selvagem. Apesar de ideias interessantes e ótimo visual (com direito a buraco de bala calibre 38 no livro) o jogo não fez tanto sucesso.
NA MESA DE JOGO
Como nenhum dos RPGs de faroeste acima listados jamais chegou a ser publicado no idioma de Machado de Assis, jogar um RPG ambientado no velho oeste pode ser um problema à primeira vista, mas na verdade este é apenas um pequeno empecilho facilmente solucionável.
Primeiramente devemos ter em mente que existem dúzias de sistemas de RPG genéricos disponíveis por aí (alguém falou em Gurps?), alguns até mesmo gratuitos, por isso o ponto principal para nos concentrarmos é a ambientação.
Obras de referência não faltam, principalmente as citadas nesse artigo, mas talvez a maior dificuldade seja o fato de que a maioria dos protagonistas do gênero sejam pistoleiros solitários, algo que não combina tanto com o estilo social do RPG.
Isso é facilmente remediável com uma elaboração mais cuidadosa do Narrador na trama, dando motivos para que os personagens ajam em grupo. O exemplo mais prático é o cartaz de Procura-se nas paredes da cidade, o equivalente western ao velinho da taverna, estereótipo comum do D&D.
Outros exemplos de aventuras no velho oeste incluem disputas por territórios, choques de culturas entre os brancos e os índios (que num primeiro momento normalmente são inamistosos) e a famosa Corrida do Ouro, uma alternativa às caçadas ao tesouro da fantasia medieval.
Tramas mais elaboradas incluem as tentativas de se fazer justiça em cidades dominadas por figurões corruptos que normalmente controlam o xerife e a imprensa. Neste tipo de aventura a ação dá lugar à intriga, mas nada impede que o Narrador inclua alguns duelos contra os capangas do bandidão, visto que este normalmente é um político ou empresário com poucas habilidades combativas - embora nada impeça esse tipo de abordagem. Já imaginaram um Rei do Crime no velho oeste?
O tipo mais comum de personagem jogador é o anti-herói, mas nada impede que os jogadores interpretem cavaleiros paladinescos portando armas de fogo. Mulheres tem pouco destaque nesse tipo de cenário devido aos costumes da época, mas isso é contornado pela licença poética que nos é possibilitada no RPG.
Alternativas não faltam para quem quer deixar um pouco as masmorras de lado e trocar as espadas e armaduras por pistolas e chapéus de caubói.
Sobre o Autor:
O Oráculo é o segundo em comando no Blog do Dragão Banguela e escreve sobre nerdices em geral no Dimensão X. Mago e Inspetor de Equipamentos nas horas vagas. É o gatilho mais rápido do oeste! |
Muito bom Oráculo, eu mesmo me matei de jogar SunsetRiders para SNES cara hehe
ResponderExcluirSó acho que você esqueceu de um título peculiar: Faroeste Arcano para D20 (http://www.devir.com.br/rpg/d20-35_faroeste_arcano.php) publicado pela Devir.
Quanto ao cinema, um filme incrível do spaggeti western é "O bom, o belo e o feio" incrível.
Sunset Riders era muito foda, ainda hoje quando marcamos umas cervejadas em casa com os amigos, nós arrumamos 4 controles e jogamos o Sunset Riders no emulador de arcade. Jogo tecnicamente impossível de se virar só com uma ficha! =D
ResponderExcluirQuanto ao Faroeste Arcano, o Oráculo esqueceu de mencionar no post, mas nós temos o livro para download aqui no Dragão Banguela:
http://dragaobanguela.blogspot.com/2010/04/downloads-faroeste-arcano-d20.html
Abraços galera!
Pois é, Faroeste Arcano acabou ficando de fora, mesmo porque ainda não li esse livro (e não dava pra fazer em tempo hábil pra terminar o artigo).
ResponderExcluirEm minha defesa posso dizer que o foco do artigo é o faroeste "mundano", sem elfos e outros bichos (vai que cola a desculpa =D)
E Sunset Riders é um vicio absoluto. Sempre jogava com o Cormano que apesar da roupa rosa era o personagem mais legal do jogo.
Jogava muito em um fliperama daqui da área que consistia numa cabine com um Super Nintendo dentro e você jogava por tempo - cada ficha valia 10 minutos.
Nunca joguei a versão arcade, mas deve ser show de bola com quatro controles.
Eu também jogava sempre com o Cormano hahaha.
ResponderExcluirOráculo, o Sunset Riders do fliperama é quase outro jogo meu, muitas animações mudam, principalmente aquelas das portas que o personagem entra e ganha algum item.
E jogar com 4 personagens é muito bom apesar da dificuldade mais elevada.
Vou catar a ROM desse jogo. Aliás, tem uma ROM de Super Nintendo hackeada com a opção de vidas infinitas. Só assim pra zerar de primeira, porque aquele puto do Richard Rose é muito apelão.
ResponderExcluirsobre o Velho Oeste adoro uma HQ, franco-belga chamada Blueberry, ótima HQ cheia de ação e bem fiel a história do wild west!
ResponderExcluirA quem por acaso interessar encontrei um link para um numero da Hq no 4shared:
http://www.4shared.com/file/MSHRlG9b/Graphic_novel_blueberry_forte_.htm
Faltou citar o RPG Deadlands
ResponderExcluir@Diego Menalli:
ResponderExcluirValeu pela dica!
@Anônimo:
Você não leu mesmo o artigo, né?
Como eu sou um cara legal vou te dar uma ajuda:
"Outro RPG ambientado no velho oeste de grande destaque é o famoso Deadlands que combina também elementos de terror e steampunk em um jogo único. Uma das características mais interessantes do sistema é o uso de fichas de poker no jogo. Apesar de nunca ter chegado ao Brasil este é um jogo de bastante sucesso e que também teve versões oficiais para Gurps e para o Sistema D20."
Detalhe que o nome Deadlands está em NEGRITO no texto lá em cima =D
Show de bola o artigo, Oráculo =D
ResponderExcluirUm jogo de PC MUUUITO massa sobre Velho Oeste é o Desperados http://en.wikipedia.org/wiki/Desperados:_Wanted_Dead_or_Alive
Jogo difícil pra caramba e muito tático, mas vale cada hora na frente da tela, com cinematicas animais e presonagens muito cativantes =D
Sem falar que dá uma ambientada legal pra quem curte o cenário, dos conflitos com o México, partidas de poker, escravidão negra e chinesa e coisas assim. =D
braços!
haha! Muito bom!
ResponderExcluirHa tempos eu planejo fazer um RPG de Faroeste!
Outra diferença entre o italiano e o americano, é que o americano tem um negocio sério. O Italiano tem um pouco de comédia e faz umas palhaçadas xD
Três Homens em Conflito é, senão o melhor, um dos melhores filmes que eu a vi.
Viu, eu to tentando levar a sério criar um RPG de faroete. Há alguém com a mesma inpiração querendo fazer também? =D
Realmente muitos filmes italianos tem um toque de humor - às vezes involuntário - além da alta dose de violência.
ResponderExcluirMas uma das melhores histórias que eu já li sobre faroeste não se passa no oeste dos EUA. Trata-se de Missão em Boston, uma HQ do TEX publicada na coleção Ouro da Mythos. Além de ter os melhores desenhos a história é muito boa. Sem falar no contraste dos personagens não acostumados ao inverno de Boston.
Ah! Curti a ideia de fazer um RPG de faroeste, principalmente porque com a OGL qualquer um com uma boa ideia na cabeça pode escrever algo.
Pode contar comigo, exceto pra parte das regras!
haha beleza!
ResponderExcluirEu também curto muito Tex =D
eu tava pensando no sistema d20... mas um outro sistema ta valendo também =D
Eu li numa revista do Tex que os navajos tem uma tecnica pra domar os cavalos. Dai podia fazer que em algum nivel, eles ganham foco precicia:Montaria (cavalos) eu acho
Dai podia ser quenem o clérigo do D&D. A classe seria Indio/Indigena e dai os "caminhos" seria a tribo, tipo Navajo, Apache, moicano e etc - só que dai só poderia escolher um =P
Classe de prestigio podia ter Caçador de Recompensas
Outra coisa, Navajos (talvez outras tribos também) tem fazem simbolos na estrada. tipo assim: Um cactus com um dos "braços" cortado é perto de onde vão acampar se não me engano. Uma flecha em uma direção feita de pedras com com três pedras na frente e 5 cinco atrás da flecha quer dizer que há 5 perseguindo 3. Mais ou menos assim.
Não menos importante, precisa decidir o nome haha xD
Vamos levando o plano pra frente haha =D
Boas sugestões!
ResponderExcluirVou tentar bolar algo e depois aviso. Qualquer coisa vc pode manter contato através do Oraculo-mail:
oraculodassombras@gmail.com
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBeleza, eu vou folhar minhas revistas do Tex aqui, vou ver oque mais eu posso fazer.
ResponderExcluirSe você também tiver, mande pro meu halfling -Email =D
Thiagodalbo@hotmail.com
abraço
Esta é uma grande idéia, caros amigos.
ResponderExcluirSempre gostei deste gênero, e como o antigo Wild Arms (PS1) provou, podemos ter excelentes histórias e personagens de RPG usando o gênero western adaptado.
Teve também o 1889: Sob o Sol do Novo México para o sistema OPERA.
ResponderExcluirFilme de faroeste que eu adorei foi os imperdoáveis d+
ResponderExcluirSunset riders é um clássico já perdi horas jogando!
O pistoleiro do cenário do Stephen King é muito legal!
Lembro das minhas tardes jogando velho oeste no antigo Gurps 2ª edição (decada de 90, Meu Deus, estou ficando velho...)
ResponderExcluirmandei uns arquivos pra seção post do leitor!
ResponderExcluirVamos turbinar este site ano que vem ^^
(espero que seja aprovado)
A coluna gêneros alternativos esta me surpreendendo a cada novo tópico muito bom mesmo!!
ResponderExcluirParabéns!!
Joguei Deadlands umas poucas vez. Tinha uns tipos de personagens interessantes: o Mexino vagabundo que fica deitado na linha do trem, o pele-vermelha que sempre é culpado de tudo, o pistoleiro, a vagabunda do saloon, o cientista maluco, etc.
ResponderExcluirEsse cenário seria uma mistura do filme "As Loucas Aventuras de James West" com o Will Smith com o HQ do Lucky Luke.
Lembro que rimos horrores com os jogos. Aquelas sessões são comentadas até hoje por quem jogou. xD
Olá A Dragão Banguela por todos os trabalhos no incentivo as traduções independentes, mas gostaria de saber porque ninguem traduziu o Lobisomen: Oeste Selvagem (acho q é esta a tradução né)de Lobisom:O Apocalipse um livro incrivel. Valeu a atenção
ResponderExcluirÉ realmente uma questão interessante.
ResponderExcluirQuem costuma traduzir os livros de Lobisomem é a galera do grupo Nação Garou, mas que eu saiba eles se focam mais no cenário padrão.
Além disso, vale lembrar que a linha Wild West não fez o sucesso almejado e logo foi substituído por Lobisomem: A Idade das Trevas como linha alternativa para os Garou.