Hell Yeah again, maledetos!
Num surto criativo o Oráculo retorna em mais um artigo NO MESMO DIA!
Não se acostumem...
...
Pois bem, sem muitas enrolações, vamos dar sequência à série de artigos sobre o antigo Mundo das Trevas da editora White Wolf.
No primeiro artigo eu dei dicas de como apresentar o cenário a jogadores não familiarizados, já no segundo, as dicas foram de como evocar o clima de terror na história e por fim, dei dicas específicas sobre o primeiro título do cenário, Vampiro: A Máscara.
Seguindo a sequência lógica vamos ao segundo título da série, Lobisomem: O Apocalipse.
Lembrando que essas não são leis gravadas em pedra. O jogo é seu e você faz o que bem entender com ele!
O clima de horror pessoal não é tão marcante em Lobisomem quanto em Vampiro, pois normalmente os Garou se orgulham de sua herança (você também se orgulharia se conseguisse ficar mais musculoso que o Conan em poucos segundos sem tomar anabolizante).
Ainda assim é possível criar uma boa crônica usando este elemento. Primeiramente, um Garou manifesta seus poderes ainda na adolescência, na época da puberdade (não se iluda, nem todo moleque de 13 anos tem as mãos peludas por ser um Garou).
Neste momento ele tem uma dificil escolha a fazer. Deve ele continuar com sua família, juntar-se à Seita local (grupo de Garous, composto por várias Matilhas) ou tentar uma vida dupla? Seria uma boa ideia explorar esse tipo de drama, afinal, para a maioria das pessoas, a família é sagrada. Abandonar a familia humana poderia ser doloroso para um Garou, mas viver longe de seus irmãos de Matilha pode ser igualmente prejudicial. Além disso, o contato prolongado com humanos indefesos pode atrair os inimigos do personagem que os usariam como isca em uma armadilha mortal.
Outro foco de horror pessoal é a própria Fúria dos Garou. Imagine se durante um Frenesi ele acaba matando um amigo ou familiar? As consequências psicológicas para o personagem poderiam ser terríveis. Como ele conviveria com a culpa? Assumiria tudo e encararia as leis Garou e mundanas (como explicar isso em um tribunal?) ou passaria o resto dos dias como um fugitivo?
Se o clima de horror pessoal não é o ponto forte deste jogo, a defesa da natureza é um elemento crucial.
Os Garou foram criados para defender Gaia, o espírito da Terra. Contudo, a arrogância da raça os fez caçar e escravizar humanos. Nesse meio tempo a Wyrm enlouqueceu e se fortaleceu e hoje é uma séria ameaça àquela a quem os Garou deveriam proteger.
O maior foco desse tema está personificado na figura da Pentex, uma mega corporação presente em quase todo o mundo e corrompida pela Wyrm. Quem sabe se o acidente com o navio petroleiro no Golfo do México não foi obra da Pentex?
Além disso há um interessante ponto de conflito neste tema, pois o modo de vida de nós humanos é extremamente prejudicial à Gaia. Pense rápido, quanto lixo nós produzimos em um mês? É inocência acreditar que todo esse lixo é tratado de maneira eficiente e não prejudicial à natureza. Agora imagine isso ocorrendo no Mundo das Trevas onde tudo de ruim é elevado à décima potência?
E agora? Os Garou devem defender a espécie que mais faz mal à Gaia! Obviamente nem tudo o que é relacionado à poluição, desmatamento e desperdício tem a ver com a Pentex. Uma boa crônica poderia ser escrita em cima dos conflitos entre os defensores da natureza e as grandes madeireiras do país, que desmatam nossas florestas em busca de lucro. Tráfico de animais selvagens e plantas raras extraídas sem nenhum cuidado poderiam também dar boas ideias de crônica.
Outro ponto forte de Lobisomem é a ligação deles com o mundo espiritual. Toda a sociedade Garou é ligada aos espíritos, desde o aprendizado de Dons até as Klaives, adagas (que mais parecem espadas) de imenso poder entre os Garou.
Neste ponto uma gama de possibilidades é aberta a um Narrador criativo. Desde ataques de Malditos, onde o foco é a pancadaria pura até mesmo ao chamado de socorro de espíritos de animais em extinção, onde misturaria-se o tema ecológico do trecho anterior.
Um fator que merece atenção é que o mundo espiritual não está preso às regras do mundo físico. É possível transformar uma sessão com viagens à Umbra em algo único e fantástico, embora deva-se ter cuidado para não deixar as coisas confusas demais ou os jogadores vão perder a paciência.
Lobisomem é um título visivelmente voltado para a ação, mas nem por isso você deve transformar a sua crônica em um torneio de MMA!
Em vez de uma sessão recheada de capangas menores à la Soldados Hidler (alguém lembra dos Changeman?) por que não um único e emocionante combate com um vilão que valha a pena? Claro que no Mundo das Trevas o conceito de vilão é bem mais subjetivo do que nos outros RPGs, afinal não existe esse papo de bem ou mal.
Deve-se dar uma freada em jogadores que abusem dos grandes poderes físicos dos Garou para tentarem resolver tudo na porrada. Talvez aquele sujeito que eles acabaram de transformar em picadinho fosse o único a ter pistas sobre o paradeiro dos pais de um dos membros da Matilha e agora ele tem que se virar pra descobrir de outra maneira! Outra maneira bem mais manjada é abusar das fraquezas dos Garou. Só tenha em mente que munições de prata são CARAS!
Além disso, ação não significa necessariamente porrada. Pense nos grandes filmes de ação e logo você perceberá que nem mesmo o Rambo resolve tudo saindo na porrada. Perseguições, fugas, escaladas e outros perigos são focos de ação sem combate e que merecem boas narrações ao invés de um reles teste de Destreza + Esportes.
Garous odeiam vampiros. Só isso já é suficiente para uma crônica mista entre Garous e Cainitas, mas não há graça nenhuma em debulhar hordas de vampiros no melhor estilo Buffy.
Como visto nos capítulos anteriores dessa série, não é porque seus jogadores leram tudo do Mundo das Trevas que eles saberão tudo sobre vampiros, magos, fadas e outros bichos! Na verdade muitos Garous sabem pouco até sobre si mesmos!
Uma boa crônica envolvendo o sobrenatural deve mexer com o desconhecido. E se surgir uma nova espécie de vampiros imunes ao sol? Isso poria por terra todas as crenças dos personagens e dos próprios jogadores, além de deixá-los extremamente intrigados.
Além do mais, não há nada mais manjado do que descobrir que o responsável por todos os problemas dos personagens é um poderoso Ancião Tremere.
Pois bem, cambada, essas foram apenas uma pequena coleção de dicas. Eu poderia ficar aqui o dia inteiro escrevendo, mas o maior desafio é escrever a sua própria Crônica.
Tenha sempre em mente que os protagonistas são sempre os personagens jogadores, por isso é sempre bom conhecer as motivações e os conflitos deles. Incentive os jogadores menos criativos a aprofundar seus históricos, mas também limite os mais teatrais para que estes não roubem a cena, afinal é um jogo coletivo.
Uma boa ideia é sempre usar o prelúdio como ponto de partida para suas criações, o que ajuda a criar tramas feitas sob medida para seus personagens jogadores.
Então não perca tempo, uive para a lua, comunguem com Gaia e comecem a criar suas próprias sagas!
Sobre o Autor:
Num surto criativo o Oráculo retorna em mais um artigo NO MESMO DIA!
Não se acostumem...
...
Pois bem, sem muitas enrolações, vamos dar sequência à série de artigos sobre o antigo Mundo das Trevas da editora White Wolf.
No primeiro artigo eu dei dicas de como apresentar o cenário a jogadores não familiarizados, já no segundo, as dicas foram de como evocar o clima de terror na história e por fim, dei dicas específicas sobre o primeiro título do cenário, Vampiro: A Máscara.
Seguindo a sequência lógica vamos ao segundo título da série, Lobisomem: O Apocalipse.
Lembrando que essas não são leis gravadas em pedra. O jogo é seu e você faz o que bem entender com ele!
HORROR PESSOAL
O clima de horror pessoal não é tão marcante em Lobisomem quanto em Vampiro, pois normalmente os Garou se orgulham de sua herança (você também se orgulharia se conseguisse ficar mais musculoso que o Conan em poucos segundos sem tomar anabolizante).
Ainda assim é possível criar uma boa crônica usando este elemento. Primeiramente, um Garou manifesta seus poderes ainda na adolescência, na época da puberdade (não se iluda, nem todo moleque de 13 anos tem as mãos peludas por ser um Garou).
Neste momento ele tem uma dificil escolha a fazer. Deve ele continuar com sua família, juntar-se à Seita local (grupo de Garous, composto por várias Matilhas) ou tentar uma vida dupla? Seria uma boa ideia explorar esse tipo de drama, afinal, para a maioria das pessoas, a família é sagrada. Abandonar a familia humana poderia ser doloroso para um Garou, mas viver longe de seus irmãos de Matilha pode ser igualmente prejudicial. Além disso, o contato prolongado com humanos indefesos pode atrair os inimigos do personagem que os usariam como isca em uma armadilha mortal.
Outro foco de horror pessoal é a própria Fúria dos Garou. Imagine se durante um Frenesi ele acaba matando um amigo ou familiar? As consequências psicológicas para o personagem poderiam ser terríveis. Como ele conviveria com a culpa? Assumiria tudo e encararia as leis Garou e mundanas (como explicar isso em um tribunal?) ou passaria o resto dos dias como um fugitivo?
ECO-TERRORISTAS METAMORFOS
Se o clima de horror pessoal não é o ponto forte deste jogo, a defesa da natureza é um elemento crucial.
Os Garou foram criados para defender Gaia, o espírito da Terra. Contudo, a arrogância da raça os fez caçar e escravizar humanos. Nesse meio tempo a Wyrm enlouqueceu e se fortaleceu e hoje é uma séria ameaça àquela a quem os Garou deveriam proteger.
O maior foco desse tema está personificado na figura da Pentex, uma mega corporação presente em quase todo o mundo e corrompida pela Wyrm. Quem sabe se o acidente com o navio petroleiro no Golfo do México não foi obra da Pentex?
Além disso há um interessante ponto de conflito neste tema, pois o modo de vida de nós humanos é extremamente prejudicial à Gaia. Pense rápido, quanto lixo nós produzimos em um mês? É inocência acreditar que todo esse lixo é tratado de maneira eficiente e não prejudicial à natureza. Agora imagine isso ocorrendo no Mundo das Trevas onde tudo de ruim é elevado à décima potência?
E agora? Os Garou devem defender a espécie que mais faz mal à Gaia! Obviamente nem tudo o que é relacionado à poluição, desmatamento e desperdício tem a ver com a Pentex. Uma boa crônica poderia ser escrita em cima dos conflitos entre os defensores da natureza e as grandes madeireiras do país, que desmatam nossas florestas em busca de lucro. Tráfico de animais selvagens e plantas raras extraídas sem nenhum cuidado poderiam também dar boas ideias de crônica.
ESPIRITUALIDADE
Outro ponto forte de Lobisomem é a ligação deles com o mundo espiritual. Toda a sociedade Garou é ligada aos espíritos, desde o aprendizado de Dons até as Klaives, adagas (que mais parecem espadas) de imenso poder entre os Garou.
Neste ponto uma gama de possibilidades é aberta a um Narrador criativo. Desde ataques de Malditos, onde o foco é a pancadaria pura até mesmo ao chamado de socorro de espíritos de animais em extinção, onde misturaria-se o tema ecológico do trecho anterior.
Um fator que merece atenção é que o mundo espiritual não está preso às regras do mundo físico. É possível transformar uma sessão com viagens à Umbra em algo único e fantástico, embora deva-se ter cuidado para não deixar as coisas confusas demais ou os jogadores vão perder a paciência.
PORRADA!
Lobisomem é um título visivelmente voltado para a ação, mas nem por isso você deve transformar a sua crônica em um torneio de MMA!
Em vez de uma sessão recheada de capangas menores à la Soldados Hidler (alguém lembra dos Changeman?) por que não um único e emocionante combate com um vilão que valha a pena? Claro que no Mundo das Trevas o conceito de vilão é bem mais subjetivo do que nos outros RPGs, afinal não existe esse papo de bem ou mal.
Deve-se dar uma freada em jogadores que abusem dos grandes poderes físicos dos Garou para tentarem resolver tudo na porrada. Talvez aquele sujeito que eles acabaram de transformar em picadinho fosse o único a ter pistas sobre o paradeiro dos pais de um dos membros da Matilha e agora ele tem que se virar pra descobrir de outra maneira! Outra maneira bem mais manjada é abusar das fraquezas dos Garou. Só tenha em mente que munições de prata são CARAS!
Além disso, ação não significa necessariamente porrada. Pense nos grandes filmes de ação e logo você perceberá que nem mesmo o Rambo resolve tudo saindo na porrada. Perseguições, fugas, escaladas e outros perigos são focos de ação sem combate e que merecem boas narrações ao invés de um reles teste de Destreza + Esportes.
SALADA SOBRENATURAL
Garous odeiam vampiros. Só isso já é suficiente para uma crônica mista entre Garous e Cainitas, mas não há graça nenhuma em debulhar hordas de vampiros no melhor estilo Buffy.
Como visto nos capítulos anteriores dessa série, não é porque seus jogadores leram tudo do Mundo das Trevas que eles saberão tudo sobre vampiros, magos, fadas e outros bichos! Na verdade muitos Garous sabem pouco até sobre si mesmos!
Uma boa crônica envolvendo o sobrenatural deve mexer com o desconhecido. E se surgir uma nova espécie de vampiros imunes ao sol? Isso poria por terra todas as crenças dos personagens e dos próprios jogadores, além de deixá-los extremamente intrigados.
Além do mais, não há nada mais manjado do que descobrir que o responsável por todos os problemas dos personagens é um poderoso Ancião Tremere.
CRÔNICAS CABELUDAS
Pois bem, cambada, essas foram apenas uma pequena coleção de dicas. Eu poderia ficar aqui o dia inteiro escrevendo, mas o maior desafio é escrever a sua própria Crônica.
Tenha sempre em mente que os protagonistas são sempre os personagens jogadores, por isso é sempre bom conhecer as motivações e os conflitos deles. Incentive os jogadores menos criativos a aprofundar seus históricos, mas também limite os mais teatrais para que estes não roubem a cena, afinal é um jogo coletivo.
Uma boa ideia é sempre usar o prelúdio como ponto de partida para suas criações, o que ajuda a criar tramas feitas sob medida para seus personagens jogadores.
Então não perca tempo, uive para a lua, comunguem com Gaia e comecem a criar suas próprias sagas!
Sobre o Autor:
O Oráculo é o segundo em comando no Blog do Dragão Banguela e escreve sobre nerdices em geral no Dimensão X. Mago e Inspetor de Equipamentos nas horas vagas. É fã assumido de AD&D 2ª edição, mas não liga muito pra essa história de Old-School. |
Boas dicas Oracle, WOD é muito legal, nunca joguei uma crônica de lobisomem onde os personagens e até o narrador se importasse com a história era só pancadaria.
ResponderExcluirA melhor campanha não-D&D que já joguei foi de Lobisomem.
ResponderExcluirMeu personagem era um mané em combate (Força 1), por isso eu procurava resolver meus problemas só com a inteligência.
Acabou que eu fui o único personagem que subiu de Posto!
HORROR PESSOAL
ResponderExcluirNunca na minha vida seja em mesa ou em fóruns vi uma crônica de Vampiro ter horror pessoal, mas já vi muitas vezes isso em Lobisomem.
Acho que você usou de muitos estereótipos em todo o resto tbm, de boa mesmo.
Quer dizer que Horroe Pessoal NÃO é o tema de Vampiro?
ResponderExcluirBem, acho que agora é tarde para corrigirem o livro onde diz com letras garrafais "Um Jogo de Narrativa de Horror Pessoal".
E sim, o texto usa muitos estereótipos, pois é um artigo voltado para os iniciantes no jogo e é para isso que servem os estereótipos. Conforme os jogadores vão progredindo eles mesmos se desvencilham desse tipo de coisa sem a necessidade de um texto como esse.
Divulgando o Fórum de Lobisomem, se puder divulgar também Oráculo! É um fórum novo criado esse ano e estamos com dois narradores no momento, estamos buscando jogadores e narradores. Precisamos de ajuda para manter esse RPG vivo! Obrigado.
ResponderExcluirhttp://lobisomemoapocalipse.livreforum.com/