terça-feira, 30 de novembro de 2010

[Doppleganger] - Esquadrão Relâmpago Changeman


Saudações, modafocas!

Aqui fala mais uma vez o grande Oráculo, trazendo sempre o melhor do RPG para vós pobres mortais.

E aqui no Blog do Dragão Banguela nós temos a mania de iniciarmos séries de posts que nunca continuamos ou deixamos no limbo por anos a fio. Mas eu juro que não vou fazer isso! [Alerta! Promessa de Fim de Ano detectada!]

OK, então peguem seus relógios com luzinhas do Paraguai e vamos Change!!!

...



Relembrando pro pessoal, esta seção aqui do blog consiste em adaptar ambientações famosas (ou nem tanto) para o máximo de RPGs possíveis SEM usar regra alguma.

Ou seja, aqui neste post você não vai ver a ficha do Change Dragon, muito menos do Senhor Bazoo.

"Mas então pra que serve esse post?" - Você pode estar se perguntando.

Ora meus jovens, aqui o que importa é a AMBIENTAÇÃO e as características de cada RPG adaptado. E sinceramente, discutir regras em um jogo em que o árbitro pode mudá-las à vontade, é perda de tempo.

Sim, regras são importantes - eu mesmo adoro os livros de Gurps e a maioria não tem cenários, somente coletaneas de regras - mas não são a única ferramenta para trazer um mundo inteiro a uma mesa de jogo, portanto NESTA COLUNA elas ficam de fora, ok?

Explicações feitas, vamos ao que interessa!




INVASÃO NIPÔNICA


Se você é muito novo e não acompanhou a invasão nipônica na TV, antes da febre dos animes, talvez não saiba exatamente o que é um tokusatsu.

Tokusatsus são seriados de super heróis japoneses, filmados com atores reais e via de regra com um orçamento que varia de nada até uma mixaria e efeitos especiais precários. Pelo menos nos anos 80 era assim, hoje em dia os Power Rangers tem efeitos computadorizados, mas naquela época cromaqui era luxo pra poucos.

Pois bem, entre os anos 80 e 90, a Rede Manchete lançava vários desses seriados importados do Japão, porque não tinha nada melhor pra passar nem grana pra produzir seus próprios programas. Acontece que mesmo sendo muito mal feitos esses seriados eram incrivelmente divertidos e prendiam as crianças na frente da TV por horas a fio.

O poderoso Change Robô e sua cabeça fálica.

Dentre os primeiros destes seriados havia o Esquadrão Relâmpago Changeman que é o foco do artigo de hoje, mas as ideias aqui apresentadas servem para qualquer um deles (mesmo porque eles eram muito parecidos mesmo).

Com eles a invasão do Complexo do Alemão não levava mais que meia hora!

OS DEFENSORES DO PLANETA TERRA

A saga deste tokusatsu começa com a chegada do Cruzador Espacial Gôzma à órbita do nosso querido planeta Terra. Sob ordens do terrível Senhor Bazoo, os integrantes do cruzador iniciam sua invasão usando monstros espaciais que mais pareciam marmanjos usando roupas de borracha e efeitos especiais baratos.

Para impedir a invasão a Terra contava com os Defensores da Terra, uma tropa de militares altamente treinados. O que poucos sabiam é que o líder japonês dos Defensores da Terra, Comandante Ibuki (que na tradução virou Sargento para evitar piadas cretinas entre as crianças) promovia treinamentos mais pesados do que os mostrados no filme Tropa de Elite para que algum de seus soldados desenvolvesse o poder da Força Terrestre.

Sim, o cara arriscou a vida de vários soldados para tentar fazer surgir um poder sobrenatural sobre o qual ele apenas havia ouvido falar! Mas é um cretino mesmo, heim, vou te contar...

A moda nos anos 80 era um desastre mesmo!

Mas, continuando, pelas leis da conveniência universal, cinco dos soldados desenvolveram a tal Força Terrestre no momento exato da primeira tentativa de invasão dos alienígenas e se transformaram no Esquadrão Relâmpago Changeman, com uniformes temáticos e coloridos, armas transformáveis, motos personalizadas, robô gigante e o cacete!

O poder dos Changeman vinha do próprio planeta e cada um recebia os poderes de um animal lendário, a saber: Dragão, pégaso, grifo, sereia e fênix. Além disso, graças aos esforços dos Defensores da Terra, cujos líderes, provavelmente cagavam dinheiro, eles tinham motos, jipes, jet-skis, além um trio de veículos gigantescos (jato, helicóptero e tanque) que combinados viravam um robô gigante que estranhamente andava e lutava de maneira perfeita mesmo que cada membro do grupo pilotasse apenas uma parte do robô - isso que é trabalho em equipe!

Os monstros que trabalhavam para Bazoo, em sua maioria eram seres cujos planetas foram anexados ao império Gôzma e trabalhavam para o vilão por medo ou para recuperarem suas terras natais. Provavelmente eles eram desorganizados demais para organizar um motim, ou apenas eram covardes demais para encarar o Bazoo, preferindo enfrentar os Changeman. Infelizmente eles só percebiam que isso era um mau negócio quando eram explodidos pela Poderosa Bazuca para depois serem destruídos pela Espada Relâmpago do Change-Robô.

Durante os cinquenta episódios seguintes, os Changeman detonaram as tropas de Bazoo para no fim descobrirem que o grande chefão era o PRÓPRIO planeta Gôzma, que havia adquirido consciência própria e devorava outros planetas. A forma física de Bazoo, um gigante sem braços e pernas e com órgãos espostos (não ESTE órgão que você está pensando, seu pervertido) era apenas uma projeção mental ou algo do tipo.

O que foi? Tá reclamando de spoiler? Você teve mais de vinte anos pra assistir essa série!



ROLANDO OS DADOS

Pois bem, então como transformamos isso em algo jogável? A solução preguiçosa seria fazer fichas dos personagens da série e o narrador usar os capítulos como roteiro de suas aventuras. É uma solução possível, mas é simples demais, certo?

E que tal criar os seus próprios Changeman? Ora, isso é muito simples, afinal o que dá poderes aos personagens é o próprio planeta! Não importa se você joga usando como cenário a Terra, Toril, Krynn ou Tatooine, basta dizer que o planeta concede a seus defensores uma misteriosa força que os torna capazes de fazer grandes proezas físicas usando roupas colantes coloridas e capacetes de motoqueiro personalizados.

Claro que isso não é tudo, por isso, nas linhas abaixo, vamos aliar a premissa básica de Changeman aos conceitos de alguns sistemas de RPG.

Acho que vai virar tradição usar fotos de mulheres nessa coluna. Se alguém tiver algo contra levante AS DUAS mãos!

DEFENSORES DA TERRA DE TÓQUIO

Changeman + 3D&T? Tás brincado que você precisa ler algo para usar essa ambientação neste jogo? Defensores de Tóquio foi criado para satirizar os tokusatsus, por isso suas regras são inspiradas neste gênero.

Mas se você é preguiçoso demais basta ter em mente que os Changeman agem sempre em sincronia, como se suas lutas fossem todas coreografadas (o que é verdade, já que se trata de uma série de TV, né), portanto o Mestre pode exigir que os jogadores comprem a Vantagem Parceiro ou então dedizir esse custo dos pontos iniciais dos personagens.

Além disso os combates no Change-Robô levam em consideração as regras para escalas gigantes, que mudaram um pouco na edição Alfa do jogo, mas que também não é nenhum bicho de sete cabeças.

ESQUADRÃO RELÂMPAGO DUNGEONMAN!

Changeman em D&D e similares? Tá de sacanagem, né, Oráculo? Agora tu avacalhou!

Na-na-ni-na-não, meus caros. Ok, isso aqui é RPG, então a imaginação é o limite, certo?

Além disso você não precisa entupir a sua ambientação medieval de alienígenas para ter uma boa adaptação da temática dos Changeman, basta usar alguns elementos e excluir outros.

Vamos então exercitar a imaginação com o titio Oráculo: "Os personagens-jogadores são os escolhidos pelos deuses (deuses da natureza são ideais para o conceito de Força Terrestre, mas deuses da justiça e da bondade também caem bem aqui) para serem os portadores da Força Terrestre (ou qualquer nome pomposo que você pensar, como Força Toriliana) e receberem os poderes dos cinco animais lendários (se a sua mesa só tiver marmanjo e ele não quiser ser a Mermaid você pode usar um tritão).

Ao evocar os poderes dos animais lendários eles se transformam nos Changeman (cabe ao Mestre decidir se usa ou não armaduras coloridas. Pode ser que a transformação envolva apenas pegar emprestado um pouco da aparência dos animais lendários como as escamas do Dragão e as asas do Pégaso) e protegerem o mundo das forças invasoras de Bazzo, um ser extraplanar cujo poder pode consumir dimensões inteiras."

Percebam que nessa abordagem não importa muito se o personagem é um guerreiro, ladrão, mago ou o escambau, permitindo você adaptar os poderes concedidos a cada personagem de acordo com o que é melhor pra campanha. Como meio de equilibrar as coisas você pode dar-lhes poderes de acordo com o nível de cada um. Por exemplo, Change Fênix tinha o poder de lançar labaredas das mãos, então no primeiro ela ganharia a magia Mãos Flamejantes e uma certa quantidade de utilizações diárias dessa magia, enquanto em níveis maiores ela receberia Raio Ardente, Bola-de-Fogo e por aí vai.

A única limitação aqui é a que for imposta pelo Mestre. Pode ser que os poderes da Força Terrestre funcionem como magias e uma vez gastos só serão recuperados com descanso, ou então você pode chutar o pau da barraca e colocar hordas de monstros e dar aos jogadores seu próprio Golem Gigante!

ESQUADRÃO DAS TREVAS

Existem duas maneiras de usar Changeman no Mundo das Trevas. Uma delas é esquecer completamente a ambientação e se apropriar das regras, usando os poderes dos Changeman como Dons de Garou ou Manobras de Street Fighters equivalentes, ou então adaptar o seriado à ambientação sombria do Mundo das Trevas.

"Você disse adaptar Changeman no MUNDO DAS TREVAS?"

Sim, pô! Você leu o texto, não me faça repetir!

Ok, então como fazer isso? Ora eu fiz algo parecido parágrafos acima com D&D, porque não fazer de novo?

Talvez os Defensores da Terra sejam uma organização fantasiosa demais para o Mundo das Trevas. Tudo bem que o Arcano também é, mas não vamos deixar os fãs terem um ataque cardíaco, certo?

Então que tal transformá-los em uma organização SECRETA que estuda fenômenos PARANORMAIS? E que tal se por uma obra da conveniência universal os personagens dos jogadores desenvolverem os tais dons paranormais que os Defensores da Terra (que aqui deveria ter um nome diferente, mas deixo a cargo de vocês) investigam?

Você pode passar a campanha inteira sem explicar a origem desses poderes, mantendo um certo ar de mistério, ou então misturar uma pitada de Lobisomem: O Apocalipse e dizer que a Força Terrestre é uma manifestação de Gaia, o que deixaria os Garous putíssimos, já que eles se acham a última cereja do bolo de Gaia.

Quanto aos inimigos fica a cargo da sua imaginação. Uma invasão alienígena não seria exatamente ruim se você usar uma abordagem estilo Arquivo X ou até mesmo usar o RPG Invasão ao invés de Storyteller. Ou então você pode usar demônios, espíritos malignos, coisas-ruins e exus que bem entender. O jogo é seu e a sanidade também.

Novamente a dose de poder depende do que o Narrador quer pra sua campanha. Em uma campanha mais investigativa e repleta de intrigas um Change Dragon capaz de soltar umas labaredas de vez em quando já é impressionante demais, afinal os humanos normais costumam ser pouco mais que nada na maioria das mesas de Storyteller. Ou então você pode torná-los forças capazes de bater de frente com vampiros, múmias, lobisomens, magos, fadas e outros bichos.

CYBERCHANGE

Changeman já tem tecnologia futurista o suficiente para adaptar para Cyberpunk 2020 ou até mesmo Shadowrun (você pode tirar os elfos, trolls e outros bichos e dizer que são alienígenas, por exemplo). Só que aquelas ruas coloridas da Tóquio representada no seriado são muito limpinhas pra um jogo Cyberpunk!

Apenas mude um pouco a ambientação e diga que Bazoo ressurgiu e novos jovens terão de descobrir a Força Terrestre. Como em ambientações cyberpunk os jogadores se ferram mais que o normal, seria legal excluir a organização dos Defensores da Terra e deixá-los se virarem sozinhos.


A VEZ DOS MONSTROS

A pouco tempo eu postei aqui neste blog um scan do RPG Monstros. Que tal fazer uma Masmorra Reversa (inspirada no suplemento de AD&D Reverse Dungeon) com as regras de Monstros?

Ora bolas, é só criar uma aventura onde os personagens são os monstros que atacam Tóquio! Como eles sempre são vaporizados pela Poderosa Bazuca para depois serem detonados pelo Super Thunder Bolt talvez os personagens tenham que trocar de personagem muitas vezes, mas o que importa aqui é se divertir com o conceito!

CHANGE-GENÉRICOS

Gurps? Use Supers e seja feliz! Ou então use Fantasy, Horror ou qualquer outro e use uma das abordagens acima. Ou então crie a sua, porra! Sinceramente Gurps não precisa desse tipo de conselhos, já que é um jogo genérico, então vá fazer sua própria adaptação, seu preguiçoso!

VAMOS CHANGE!

Como vimos, adaptar os Changeman para o seu RPG favorito é possível e ainda assim mantendo as características básicas de cada ambientação, bastando um pouco de boa vontade e imaginação.

Portanto, surpreenda seus jogadores e apresente uma abordagem inteiramente nova de um seriado que marcou a infância de muitos. Peguem seus relógios de transformação e combatam as hordas de Bazoo!


Sobre o Autor:
O OráculoO Oráculo é o segundo em comando no Blog do Dragão Banguela e escreve sobre nerdices em geral no Dimensão X. Mago e Inspetor de Equipamentos nas horas vagas. Está construindo um robô gigante para detonar seus inimigos.



9 comentários:

  1. Carambolas! Que senhor post Oráculo.

    Sou fã de séries japorangas mas confesso que Changeman era uma das minhas "menos preferidas".

    Aguardando aí um "Doppleganger" de Cybercops e de McGyver (este último quero só ver como será a adaptação hehehe).

    Abraços.

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  2. O mais incrível é que eu consegui escrever esse texto gigantesco em UM ÚNICO DIA! Sim, senhoras, esse artigo foi escrito todo hoje. A ideia eu já tinha desde que comecei a coluna, mas o texto mesmo eu escrevi hoje de manhã e terminei à tarde. Só pra comparar, a resenha de Tormenta RPG levou uns dois ou três dias pra ficar pronta.

    Pow, eu também prefiro Cyber-Cops, apesar da série ter sido a mais curta de todas e ainda conseguir ter um orçamento pior do que as anteriores (reparem que os inimigos eram quase sempre os mesmos e exceto pelas armaduras das unidades Cyber as demais fantasias eram paupérrimas).

    E pra quem não sacou ainda, a seção se chama Doppleganger por causa daquele bicho maldito que muda de forma. Eu preferia usar o Super-Adaptóide como mascote, mas temi ser processado pela Marvel.

    Eu já escolhi a próxima adaptação. Desta vez juro que usarei um tema mais sério, mas não vou revelar agora. Quanto à adaptar Cybercops não tem muita diferença quanto à Changeman, mas como os Cybers fogem um pouco do estilo Super Sentai talvez eles mereçam um post próprio.

    Quanto ao Mcgyver ele também vai pra lista de sugestões, mas eu teria de me lembrar como era esse seriado, já que eu só me lembro mesmo é que tocava Rush na abertura ("Rede Globo apresentou Profissão Perigo").

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  3. Gostei de toda a matéria, realmente é muito legal essa idéia da sessão.

    E quanto a questão de colocar as fotos de mulheres, se alguem achar ruim abaixe a mão e saia, azar seu, eu gosto. :-D

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  4. Quando vc escreveu - "E sinceramente, discutir regras em um jogo em que o árbitro pode mudá-las à vontade, é perda de tempo." - achei que ia falar sobre os jogos do curinthias......huhuhaushaushauhsaushauhsuahsuahsuahsuahsuahsuahsuahsuahsuahsuahsuahsuahsuhaushaushau

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  5. @Francisco de Assis: Que bom que gostou da coluna. Não deixe de conferir a estreia com Mortal Kombat!

    @Apache_Shaolin: Bem, eu não manjo muito dos jogos do curintia, pois sou do RJ, mas se o Florminense não ficar ligado com o Malaquias, o Homem da Mala, vão acabar perdendo o campeonato.

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  6. melhor post que eu já vi em um Blog de RPG. Como grande fã assíduo de séries de Tokusatsu, devo dizer que você se superou senhor Oráculo! Parabens!

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  7. Opa, obrigado!

    De fato, também sou fã desse tipo de série, mas nunca tive a oportunidade de jogar um RPG nesse estilo.

    Dentre as colunas novas que criei aqui pro blog essa é a que estou gostando mais de fazer, por isso podem ter certeza que teremos novidades aqui!

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  8. O.o ... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    rpg levado a serio.

    ps: adorei o post muitobem escrito,parabens ^^

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  9. Excelente post, Oráculo, muito bom mesmo!

    Ficou informativo e bem-humorado ao mesmo tempo, bem completo!

    Só esperando os próximos!

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