domingo, 27 de fevereiro de 2011

[Resenhas] - Dragões da Noite de Inverno



Saudações, cambada!

O Carnaval vem vindo aí e como todos nós sabemos, é só após a quarta-feira de cinzas que o Brasil realmente começa a funcionar.

Por isso em ritmo de carnaval, apresento-vos uma postagem não tão nova assim.

Mas na semana que vem, volto com novidades...

...

Dragões da Noite de Inverno é a continuação direta da saga iniciada em Dragões do Crepúsculo do Outono. As forças da Rainha das Trevas se intensificam cada vez mais e o inverno parece trazer maus presságios para os povos de Krynn.

Assim como o livro anterior, Dragões da Noite de Inverno é baseado em uma série de módulos de aventuras para o RPG Dungeons & Dragons. Como dito no artigo anterior, as Crônicas de Dragonlance narram a saga de um grupo de aventureiros tentando impedir que Takhisis, a Rainha das Trevas domine o mundo de Krynn. Ao contrário do capítulo anterior da série, em Dragões da Noite de Inverno o grupo de heróis não anda o tempo todo junto, partindo em missões separadas para talvez jamais se encontrarem novamente.

TRAMA

Apesar do líder dos companheiros ser Tanis, uma das melhores partes do livro está na missão do grupo formado por Sturm, Tasselhoff e Laurana em busca do segredo das Lanças do Dragão, armas lendárias capazes de derrotar os terríveis dragões da Rainha das Trevas. Aliás, o que mais chama atenção nessa parte é a mudança de comportamento de Laurana. Se no livro anterior ela era uma nobre elfa mimada que fugiu de casa para seguir seu amor não tão correspondido, aqui ela se torna uma mulher de extrema coragem e mostra suas capacidades de liderança, tornando-se uma das personagens mais interessantes da saga.

Batalha na Torre do Alto Clerista. Porradaria medieval da mais alta qualidade!

Já do outro lado da história, o principal elemento com certeza é a espiral descendente de Raistlin, cada vez mais seduzido pelo "Lado Negro da Força" e as tentativa de seu irmão gêmeo Caramon de conseguir fazê-lo voltar-se ao caminho correto.

Pra variar temos, como sempre, Tanis se lamentando porque suas decisões nunca são boas o suficiente. De fato, o padrão de herói atormentado nunca me convenceu e a dúvida "sou meio elfo ou meio homem?" deixam o personagem no minimo... estranho! Mas nem tudo está perdido, pois no próximo e terceiro livro a existência dupla do meio-elfo é muito melhor aproveitada.

Por trás da máscara ela tem um "sorriso torto e charmoso", mas na real ela é uma boa duma filha da puta.

E se em Dragões do Crepúsculo do Outono tinhamos Lorde Verminard e seu dragão vermelho Flogisto na empolgante batalha em Pax Tarkas, aqui temos uma excelente batalha contra o Senhor (senhora na verdade) dos Dragões Azuis e sua montaria Chéu, na Torre do Alto Clerista, que sem dúvida é o ponto alto do livro, além de ter uma das melhores mortes de um protagonista que eu já pude ler.

Cena cortada para evitar spoilers

VERSÃO BRASILEIRA

Os mesmos problemas encontrados na tradução de Dragões do Crepúsculo do Outono se repetem aqui. Excessivos erros de gramática me fizeram acreditar que tudo o que eu aprendi na escola estava errado!

Eu não sou contra adaptações de nomes e termos para a língua portuguesa, pois isto até dá uma identificação melhor com o texto. Muitos fãs puristas tem convulsões e ataques de histeria com nomes como Sturm Montante Luzente ao invés de Sturm Brightblade ou Flint Forjardente ao invés de Flint Fireforge, mas a verdade é que os nomes adaptados cumprem muito melhor o seu papel do que uma tradução ao pé da letra.

Diga a verdade, Montante Luzente remete muito mais a um cavaleiro com rígidos códigos de nobreza do que Lâmina Brilhante (ui). Agora, uma sucessão de erros de pontuação é algo que não dá pra perdoar, mesmo porque eles ocorrem em enorme sucessão. Uma coisa é eu errar nesta porcaria de blog que você acessa de graça, outra coisa é comprar o livro numa loja e ver tantos erros assim.

Capa original estadunidense

De qualquer maneira a iniciativa da Devir Livraria foi louvável. Mesmo tendo se passado vários anos após o fim do AD&D, as Crônicas de Dragonlance sempre foi a série de romances mais aguardados pelos leitores não versados no idioma de Shakespeare. Uma pena que não houve investimento em mais romances oficiais de Dungeons & Dragons, pois só de Dragonlance existem dezenas de títulos. A única outra série de romances de Dungeons & Dragons a ganhar versão em língua portuguesa, além das Crônicas de Dragonlance, foi a trilogia do Vale do Vento Gélido (Icewind Dale), baseada no cenário Forgotten Realms.

Enfim, mesmo com os problemas de tradução, a versão nacional de Dragões da Noite de Inverno é leitura obrigatória para os fãs de RPG e para todos os interessados em fantasia medieval. Tem ação e diversão na medida certa além da dose de tragédia obrigatória para o segundo capítulo de qualquer trilogia que se preze, seguindo a escola de O Império Contra Ataca.

Sobre o Autor:
O OráculoO Oráculo é o segundo em comando no Blog do Dragão Banguela e escreve sobre nerdices em geral no Dimensão X. Mago e Inspetor de Equipamentos nas horas vagas. Blogueiro treinado nas Torres de Alta-Feitiçaria.



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