Vamo que vamo, cambada!
No artigo de hoje, o tio Oráculo vai falar sobre algo muito importante na maioria das mesas de RPG. Como lidar com a morte dos personagens dos jogadores?
Vamos descobrir no Leia Mais...
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Já vou começar o artigo com uma revelação que vai acabar com a minha (pouca) credibilidade como Mestre de RPG: Eu não gosto de matar os personagens dos jogadores.
- Sério?
Sim, verdade.
- Mas por que?
Por um motivo bem simples. Eu gosto de fazer as histórias parecerem o mais teatrais possíveis. Eu como narrador prezo mais a parte do ROLEPLAY do que a do GAME.
- E o que picas tem a ver a morte dos jogadores com isso?
Simples. Se os personagens morrem, a história anda muito pouco. Primeiro porque vários plots podem ser perdidos e segundo porque perdemos um bom tempo pra incluir os novos personagens no contexto da trama já em andamento.
Mas engana-se quem acha que eu NUNCA mato os personagens dos jogadores. Uma morte dramática também pode se encaixar muito bem no contexto de uma boa trama. Impossível esquecer, por exemplo, a batalha na Torre do Alto Clerista na saga de Dragonlance.
E é claro, existem as casualidades da vida. Qualquer um está sujeito a sair de casa e não voltar mais. Porque com um aventureiro, cuja rotina é enfrentar monstros terríveis, seria diferente?
NÃO HÁ MORTE!
A morte de um personagem não precisa significar, necessariamente, o fim de carreira pra ele. Não em mundos de RPG onde existe magia de Ressurreição!
Uma possibilidade que adiciona muito na trama é jogar com o personagem no além-vida, enquanto os demais jogadores tentam ressucitar o falecido amigo (o que nunca é fácil).
As possibilidades são muitas. Ele pode ser simplesmente um fantasma que acompanha o grupo e tenta interagir com eles, mesmo que não possa ser visto ou sentido, ou até mesmo, o narrador pode rolar cenas separadas do personagem no outro mundo (seja lá como for o mundo dos mortos no seu cenário de campanha).
Como exemplo, posso citar a última aventura que joguei de Tormenta RPG, com a galera que frequenta o blogue. O meu personagem fora assassinado por uma personagem de outro jogador. Eu já estava pensando em fazer outra ficha, outro histórico e tudo mais que um jogador começa a imaginar quando vê o seu "Game Over".
Eis que o narrador descreve um lugar terrível, onde até a grama é cortante. Logo imaginei estar em Werra, o Reino do Deus da Guerra, o que faria todo sentido, já que meu personagem era um guerreiro e devoto de Rhond, o deus menor das armas e dos armeiros. E não é que o tal Rhond estava lá na frente do meu personagem com seus múltiplos braços e armadura completa?
No caso dessa aventura em particular, ela acabou ali, como um gancho para a próxima campanha, mas não é preciso ser um gênio pra sacar que o meu guerreiro terá que fazer seu caminho de volta ao mundo dos vivos à força!
Esse, é claro, é um caso mais extremo, mas o narrador pode criar mini aventuras para dar ao personagem o direito de voltar ao mundo dos vivos. Há de se ter em mente apenas dois pequenos problemas. Primeiramente, se apenas um ou dois personagens morreram e estão jogando no pós-vida, você terá uma sessão com grupo dividido o que todo mundo sabe que é um saco. Outra coisa é que você pode cair na "Síndrome de Dragonball", onde ninguém vai se importar com a morte, pois vai ter direito à Contiunue.
Cabe, como sempre ao Mestre de Jogo saber quando esse recurso é aplicável. O ideal é avaliar o quanto a interpretação do personagem é válida para que ele tenha força de vontade suficiente para continuar lutando mesmo tendo ido pra terra dos pés juntos. E é claro, que deve-se evitar a proteção de determinados jogadores, o que certamente causará intriga entre seu grupo.
RENOME PÓSTUMO
Um personagem jogador provavelmente terá feito grandes atos em sua carreira, seja derrotar o dragão que assolava o vilarejo genérico, ou até liderar os Povos Livres contra o Senhor-das-Trevas-Que-Vive-No-Outro-Continente.
É claro que em mundos onde a profissão de aventureiro é tão comum que a gente não sabe como não inventaram carteira de trabalho pra isso, não é qualquer um matador de goblins que será lembrado, mas de modo geral, sempre existem aqueles aventureiros que se sobressaem mais do que os outros (e esperamos que estes sejam personagens dos Jogadores e não apenas PdMs).
Ainda assim, vale a pena recompensar os jogadores cujos personagens morreram bravamente em batalha, agindo como heróis. Poucas coisas podem ser mais gratificantes para um jogador do que ver que a cidade que ele salvou de um dragão fora rebatizada com seu nome ou, então, fora criado um feriado em sua homenagem.
Mas, como em qualquer coisa envolvendo RPG, o bom senso é fundamental, ou então teremos montes de jogadores se jogando na frente de PdMs para impedir que eles levem flechadas, ou aventureiros incautos se lançando contra um dragão vermelho sem muito motivo aparente.
DESCANSEM EM PAZ.
Bem, cambada, essas foram apenas algumas pequenas dicas para este tema em sua campanha. Agora vocês não podem reclamar que a vida útil de seu aventureiro não termina quando acabam seus Pontos de Vida!
Sobre o Autor:
O Oráculo é o segundo em comando no Blog do Dragão Banguela e escreve sobre nerdices em geral no Dimensão X. Mago e Técnico Mecânico nas horas vagas. Esse deve ser o post mais mórbido desse blog. |
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